Guaidó é esperado na Espanha, onde sua presença provoca tensão política
Madri, 25 Jan 2020 (AFP) - O líder da oposição venezuelana Juando Guaidó chega neste sábado (25) à Espanha, onde realizará um comício no centro de Madri, mas não será recebido pelo presidente Pedro Sánchez, o que desencadeou uma tempestade política no país.
Reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por cinquenta países, incluindo a Espanha, Guaidó se encontrará com a ministra das Relações Exteriores, Arancha González, em uma reunião na instituição da Casa da América e não na sede do ministério.
Mas o fato de não encontrar o socialista Pedro Sánchez, que durante o dia visitará áreas afetadas por uma tempestade e à noite comparecerá à cerimônia dos prêmios Goya, irritou o entorno de Guaidó e Washington e provocou fortes críticas da oposição conservadora.
O líder do Partido Popular (PP), Pablo Casado, verá Guaidó, assim como o prefeito e a presidente regional de Madri, ambos da formação de direita.
Casado pediu a Sánchez na sexta-feira para definir "de que lado está": com o presidente Nicolás Maduro ou Guaidó, que já encontrou o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Emmanuel Macron.
A atmosfera ficou ainda mais tensa quando um dos ministros mais próximos de Sánchez reconheceu ter falado na segunda-feira no aeroporto de Madri com a número dois do governo de Maduro, Delcy Rodríguez.
Segundo seu relato, o ministro do Desenvolvimento, José Luis Ábalos, foi ao aeroporto receber o ministro do Turismo da Venezuela, seu amigo pessoal, e pediu que ele "cumprimentasse" a vice-presidente, que viajava no mesmo avião particular e que seguia para a Turquia.
"E foi o que fiz, apenas a cumprimentei. Lembrei-a de que ela não poderia entrar em solo espanhol devido às sanções da União Européia", disse Ábalos, em entrevista ao jornal La Razón neste sábado.
Ábalos garantiu que o tratamento que será dado a Guaidó responde à "posição especial" da Espanha como líder na Europa para buscar uma "solução democrática equilibrada" para a crise venezuelana.
Mas Casado vinculou essa posição à entrada no governo do partido de esquerda radical Podemos, que no passado expressou simpatia e mantevea relações com o chavismo.
Guaidó, que se autoproclamou presidente da Venezuela há um ano, violou a proibição de deixar seu país para iniciar este giro europeu em busca de apoio para retirar Maduro do poder.
A Espanha, um dos destinos preferidos dos venezuelanos que deixaram o país por causa da crise (4,6 milhões desde 2015, segundo a ONU), abriga cerca de 324.000 venezuelanos, segundo dados oficiais de 2019.
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