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Em Davos, influenciadora digital diz que brasileiros continuam sem dinheiro e país não vai bem

25/01/2020 12h07

Uma das maiores influenciadoras digitais do Brasil, com mais de 7,5 milhões de seguidores nas redes sociais, Nathalia Arcuri está em Davos a convite do Fórum Econômico Mundial e do YouTube. Criadora do "Me Poupe!", considerado como o maior canal de finanças pessoais do mundo, ela é a única brasileira entre os escolhidos para produzir conteúdo sobre o evento para o público jovem.

Valéria Maniero, correspondente da RFI na Suíça

Para a jornalista, que faz vídeos sobre educação financeira num país que, segundo ela, ainda precisa muito aprender a lidar com o dinheiro, a economia brasileira tem dois pontos de vista distintos. Um deles é o macroeconômico, "que até está melhorando bastante em relação há dois anos atrás".

"A gente vê alguns índices melhorando, por exemplo, o desemprego, taxa de juros continua caindo e hoje é a mais baixa da história, a Bolsa de Valores batendo recorde. Então, isso cria uma sensação de que o país está num bom caminho. Mas quando a gente desce para o mundo real, ou seja, que é onde as coisas realmente acontecem, o mundo das pessoas, a gente percebe que a situação não está nada bem", avalia.

Segundo Nathalia, "as pessoas continuam não tendo dinheiro, não tendo capacitação, educação, saneamento básico, que é algo tão básico". Por isso, para ela é preciso estar sempre atento. "Não podemos ser pessimistas, claro que não, mas a gente também não pode idealizar uma realidade a partir do ponto de vista só desses números que a gente fica vendo. Então, para mim, existem esses dois 'Brasis', economicamente falando: o que a gente ouve mais, que são os índices, e aquele que está no dia a dia das pessoas", reitera.

Para a situação melhorar, ela diz que a única solução é melhorar a educação, para colocar todos os brasileiros em condição de igualdade. "O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo ainda e, principalmente, em relação à educação. É aí que está a grande chave para uma possível mudança. Mas, aparentemente, não existe uma grande preocupação nesse sentido do governo", diz.

Convidada para ir a Davos

Nathalia contou que foi convidada pelo Fórum Econômico Mundial, numa parceria com o YouTube, para vir à Suíça. "Eles trouxeram cinco criadores para cá, de todas as partes do mundo, e o 'Me Poupe' foi o único canal de Finanças convidado. Todos os outros têm nichos bem distintos. Tem canal de humor, de ciência, de maquiagem", diz ela, explicando que o objetivo era comunicar o que acontecia no Fórum a um público diferente.

"É isso que eu estou fazendo aqui. Eu vim com o intuito de preparar conteúdo diário, fazer entrevistas, aproveitar que tem vários líderes, tanto globais quanto do Brasil, e poder trazer novidade. Pegar discussões complexas do Fórum Mundial, traduzir e explicar qual é o impacto real disso na vida de cada cidadão", detalha.

Segundo ela, essa foi uma tarefa de grande responsabilidade e, ao mesmo tempo, de grande reconhecimento. "No momento em que você vem para o Fórum, tem a responsabilidade de passar informações precisas de um jeito simples, ágil e engraçado. Não basta só a gente contar o que está acontecendo aqui."

Reuniões com gente influente no mundo

Dentre as experiências vividas por Nathalia em Davos estão encontros com representantes de grandes empresas. Ela também teve a oportunidade de conversar com representantes da ONU, observar a presença forte das mulheres e até entrevistou o ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes.

"Eu acho que uma boa experiência que eu tive foi poder participar de jantares e eventos com pessoas que você nunca sonha em conhecer. Então, logo no segundo dia de Fórum, o YouTube convidou todos os criadores para uma espécie de coquetel, com a Susan Wojcicki, que é a CEO do YouTube. Tive a oportunidade de ter um papo de quase uma hora, sem saber quem era a pessoa com quem eu estava falando, e só depois que eu fui descobrir que era o vice-presidente do Google", conta.

A influenciadora aponta fatos curiosos nessa experiência de participar do tradicional evento que é realizado há 50 anos. "Ao mesmo tempo que a grande elite econômica do mundo passa por aqui - e isso pode, num primeiro momento, dar uma sensação de impotência -, depois de um certo tempo, você passa a ter a visão contrária. Na verdade, é todo mundo igual. A diferença é que algumas pessoas colecionam mais experiências e, talvez, mais dinheiro, e outras não. E isso é bastante inspirador. É legal você tirar bons exemplos daqui, pegar aqueles exemplos de pessoas que estão fazendo diferença."

Para ela, um dos principais pontos positivos foi trabalhar em Davos sem perder a visão crítica. "O que eu vi aqui é que tem muita gente interessada em tirar do Fórum iniciativas que podem ser implementadas. Um debate muito importante sobre o meio ambiente foi a principal pauta daqui este ano, mas não a única. Eu saio daqui com muitas ideias na cabeça e muito orgulhosa do nosso trabalho, porque o 'Me Poupe' foi reconhecido mundialmente pelo que está fazendo. E isso só dá mais força para a gente continuar", comemora.

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