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"Como viver no lugar onde seus parentes morreram?", diz vítima de Brumadinho, um ano depois

25/01/2020 16h12

Este sábado (25) marca um ano do rompimento da barragem que matou 270 pessoas na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais. Um monumento foi inaugurado em homenagem aos mortos na catástrofe. Além das vítimas fatais, a tragédia provocou danos ecológicos, econômicos e sociais que afetam a região até hoje.

Com informações de Sarah Cozzolino, correspondente da RFI no Brasil

Cerca de 300 pessoas, entre moradores locais, familiares e autoridades mineiras, inauguraram o memorial das vítimas, instalado próximo a barragem do Córrego do Feijão. Em meio às lágrimas, milhares de pessoas fizeram um minuto de silêncio às 12h28, horário exato em que ocorreu a ruptura, na entrada de Brumadinho. No local, foram exibidas várias fotos dos mortos na tragédia e centenas de balões vermelhos e brancos foram soltos.

As marcas da tragédia continuam visíveis nas imediações de Brumadinho, parcialmente engolida pelos12 milhões de metros cúbicos de lama repletos de resíduos de minérios. Diante de um cenário de casas abandonadas, que resultou em uma população desalojada, soma-se o drama dos pescadores e pequenos agricultores, obrigados a interromper suas atividades por causa da contaminação das águas dos rios Paraopeba e Alto do São Francisco, vitais para as suas atividades e para a região.

"É o lugar onde nascemos e fomos criados", explica Mayky Ferreira, que trabalhava em uma das prestadoras da Vale e que, um ano depois da tragédia, não conseguiu um novo emprego e teve que se mudar. "Como ficar em um lugar onde seus parentes, amigos e colegas morreram? Não tem mais nada aqui. Agora o jeito é recomeçar a vida em outro lugar", afirma o jovem, que vive graças a uma indenização de R$ 1.000 por mês.

A Vale arcou com compensações milionárias, com valores que chegam a R$ 2 milhões. No entanto, Joceli Andrioli, do Movimentos dos Atingidos por Barragens (MAB), denuncia a falta de ação da mineradora, proprietária da barragem e apontada como responsável pela catástrofe. "Os programas de reparação ainda não começaram, as medidas emergenciais são insuficientes para reparar o dano imediato e a Vale já começa a reduzir, a cortar água, em regiões que ainda estão contaminadas", critica.

Um ano após a tragédia, os bombeiros ainda procuram os corpos de 11 desaparecidos.

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