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Sem provas, Weintraub diz que quem aponta erro no Sisu é de esquerda

O ministro da Educação, Abraham Weintraub - Pedro Ladeira/Folhapress
O ministro da Educação, Abraham Weintraub Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress
do UOL

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

24/01/2020 18h48

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, publicou um vídeo nas redes sociais na tarde de hoje para responder aos candidatos sobre um possível erro no cálculo das notas de corte do Sisu (Sistema de Seleção Unificada). O ministro negou que haja equívocos e, sem apresentar provas nem responder aos questionamentos, acusou os autores dos relatos de serem ligados a um partido "radical de esquerda".

A expressão #erronosisu entrou nesta tarde para a lista de temas mais comentados no Twitter no país. Segundo os relatos, o sistema estaria permitindo a inclusão de candidatos nas duas opções de curso no Sisu, o que não deveria acontecer, além de exibir duas notas de corte diferentes para quem concorre a uma vaga com e sem bônus.

"Não está tendo problema e nem erro no sistema. Tem muita gente maldosa, que tem interesse em fazer terrorismo, espalhando mentira", disse Weintraub.

Estudantes ouvidos pelo UOL, no entanto, não se classificaram como simpatizantes da esquerda e se disseram apenas preocupados com a possibilidade de serem prejudicados na disputa por uma vaga no Sisu.

Segundo o ministro, os relatos estão sendo divulgados de forma "maldosa", para "assustar" as pessoas. Ao lado dele, um funcionário da Sesu (Secretaria de Educação Superior) do MEC também minimizou a situação e disse que o boletim do candidato mostra as duas opções escolhidas pelo candidato e a classificação do estudante em cada um deles.

Os estudantes ouvidos pela reportagem também dizem que esse não é o comportamento normal do sistema. Para o cálculo das notas de corte nas classificações parciais, o Sisu deve identificar se o candidato tem desempenho suficiente para ser incluído na sua primeira opção —caso tenha, ele será desconsiderado da segunda opção.

Enem na Justiça

O governo de Jair Bolsonaro (sem partido) já responde a pelo menos 18 ações na Justiça após o MEC assumir ter divulgado parte dos resultados com erro. As notas foram liberadas na sexta (17), quando o ministro Abraham Weintraub declarou ter realizado "o melhor Enem de todos os tempos".

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), braço do MEC responsável pelo Enem, diz ter corrigido o problema. Mas pelo menos dois estudantes conseguiram liminares para que suas notas fossem novamente revisadas.

Na tarde de hoje, o MPF (Ministério Público Federal) pediu à Justiça a suspensão do Sisu, do Prouni (Programa Universidade para Todos) e do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) pelos erros no Enem —os três programas usam as notas do exame. No vídeo publicado hoje, Weintraub não comentou o pedido feito à Justiça pelo MPF.

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