Investimentos e energia são chaves de visita de Bolsonaro à Índia
Acompanhado de cinco ministros, Bolsonaro terá reuniões com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e com o presidente do país, Nath Kovind. Já na segunda-feira, último dia da visita, o presidente participará de um fórum de negócios com empresários.
Fontes diplomáticas brasileiras explicaram à Agência Efe que o Bolsonaro vai à Índia não só como convidado especial do 71º Dia da República, data em que o país lembra a aprovação de sua Constituição, mas também para apresentar as melhores oportunidades de investimento no Brasil.
A ideia é apresentar aos indianos o plano de privatizações que já vem sendo divulgado por outros integrantes do governo, como o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e da Economia, Paulo Guedes, que, desta vez, não acompanham o presidente na viagem.
FACILITAR INVESTIMENTOS
Um dos principais interesses do governo é ampliar a presença de investidores indianos no setor de energia do país. Por isso, a expectativa é que Bolsonaro e Modi assinem um acordo bilateral para facilitar a vinda desse dinheiro ao Brasil.
"O objetivo é proteger os investidores, oferecendo a eles caminhos claros e seguros para suas atividades nos respectivos países", disse uma fonte ouvida pela Efe.
O pacto será complementado com outro para evitar dupla tributação.
Com os dois acordos, a expectativa é que os investimentos entre os dois países cresça e supere os US$ 7 bilhões - sendo que a Índia investe US$ 6 bilhões no Brasil.
PETRÓLEO E BIOCOMBUSTÍVEIS
"Quando se trata de energia, Brasil e Índia estão destinados a trabalhar juntos. Há várias oportunidades de investimento, cooperação e comércio que compartilhamos", disse à Efe o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que acompanha Bolsonaro na viagem.
Além dos acordos sobre investimentos, de acordo com o ministro, os dois países também assinarão pactos relativos ao setores de petróleo e gás, bioenergia e mineração.
Fontes da diplomacia brasileira indicam que o Brasil quer ampliar a venda de petróleo para a Índia e tornar-se um "aliado confiável" do país nesse ramo.
No ano fiscal de 2018-2019, a Índia comprou US$ 1,59 bilhão em petróleo do Brasil, valor muito inferior ao destinado a outros países produtores, como Iraque (US$ 22,2 bilhões), Arábia Saudita (US$ 21,3 bilhões), Irã (US$ 12,1 bilhões) e Venezuela (US$ 7,2 bilhões).
"Nós agora compramos muito petróleo brasileiro, reduzindo as vendas da Venezuela. O Brasil passou a ser mais percebido como um fornecedor de petróleo bruto pela Índia", afirmou o analista da Observer Research Foundation, Ketan Mehta.
Apesar desse aumento do interesse indiano no petróleo brasileiro, a ministra de Agricultura, Tereza Cristina, destacou que o governo de Bolsonaro também está disposto a cooperar com a Índia no desenvolvimento de biocombustíveis.
"A possibilidade de cooperar com a Índia dá base para a criação do mercado mundial de etanol. No futuro, o aumento do consumo de etanol na Índia contribuirá para o estabelecimento de um mercado global de biocombustíveis", disse a ministra.
Cristina destacou que há um grande potencial de colaboração entre Índia e Brasil na produção desse tipo de combustível. Os dois países são responsáveis por 55% da produção mundial de cana-de-açúcar, usada para a produção do etanol.
No entanto, segundo a ministra, enquanto o Brasil produziu 30 bilhões de litros de etanol em 2018, a Índia só fabricou 1,5 bilhão.
PARCERIA COM O MERCOSUL
Questões específicas sobre o acesso ao mercado brasileiro deverão ser tratadas em negociações separadas com a Índia, dentro do âmbito do Mercosul, bloco integrado também por Argentina, Uruguai e Paraguai.
Ainda que exista um acordo de comércio preferencial entre Mercosul e a Índia, que reduz as tarifas sobre alguns produtos, o objetivo de Bolsonaro é avançar para transformar o pacto já existente em um tratado de livre-comércio.
Fontes ouvidas pela Efe disseram que Bolsonaro transmitirá essa "mensagem política" a Modi durante encontro entre os dois ao longo da viagem. No entanto, não há posição oficial do Mercosul sobre o assunto.
Além dos acordos citados nos setores de investimentos e energia, os dois países devem fechar outros em matéria de cooperação em ciência, tecnologia e saúde. Pactos de tributação também devem ser atualizados e assinados durante a viagem.
Atualmente, o comércio entre os dois integrantes do Brics é de US$ 8,2 bilhões. A balança é favorável ao Brasil, que no ano fiscal de 2018-2019 exportou US$ 4,4 bilhões à Índia.
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