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Russos pesquisam vacina contra coronavírus que já matou 17 pessoas

22/01/2020 13h56

Os serviços de saúde russos estão trabalhando no desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus que apareceu no mês passado na China, anunciou nesta quarta-feira (22) o diretor do órgão regulador Rospotrebnadzor, citado pela agência de notícias Ria.

 

"O desenvolvimento de uma vacina está em andamento. Sempre que temos uma mutação (de um vírus), imediatamente começamos a desenvolver uma vacina", disse Anna Popova, chefe do Serviço Federal de Supervisão da Proteção e Bem-Estar do Consumidor

"O desenvolvimento de uma vacina é um processo longo e complicado. Uma decisão é tomada de acordo com os riscos e as necessidades, dependendo da situação", acrescentou Elena Iejlova, chefe do serviço de vigilância epidemiológica do órgão regulador. "No momento, estamos contando com as recomendações da Organização Mundial da Saúde", acrescentou.

Mutações

O novo coronavírus, que já matou 17 pessoas segundo balanço recente, "pode sofrer mutações e se espalhar mais facilmente", disse o vice-ministro da comissão nacional de saúde chinesa, Li Bin. Em uma conferência de imprensa em Pequim, ele acrescentou que a doença é transmitida pelo trato respiratório e foi diagnosticada em 444 pacientes.

A preocupação aumenta porque centenas de milhões de chineses devem viajar pelo país para se reunir com suas famílias por ocasião dos feriados do Ano Novo chinês, que começam nesta sexta-feira (24).

Reunião de urgência na OMS

A Organização Mundial de Saúde (OMS) marcou uma reunião de emergência às 19 horas em Genebra (15 horas pelo horário de Brasília) para discutir o assunto. A entidade poderá declarar uma "emergência de saúde pública internacional".

Até o momento, a OMS usou o termo emergência internacional apenas para casos raros de epidemias que exigem uma resposta global vigorosa, incluindo a gripe suína H1N1, em 2009, o vírus Zika, em 2016, e a febre Ebola, que devastou parte da África Ocidental de 2014 a 2016 e a República Democrática do Congo, desde 2018.

O vírus da família SARS, identificado pela primeira vez em dezembro, em Wuhan, na China central, se espalhou para vários países da Ásia, como Japão, Tailândia, Taiwan e Coreia do Sul.

Um caso foi identificado nos Estados Unidos. É o de um homem, com cerca de 30 anos, originário de Wuhan e que vive perto de Seattle, no noroeste do país. Ele chegou no dia 15 de janeiro sem febre ao aeroporto de Seattle, mas entrou em contato com os serviços de saúde locais após sentir sintomas da doença.

Hong Kong divulgou nesta quarta-feira a identificação do primeiro caso suspeito de contaminação. Trata-se de um homem, de 39 anos, que chegou de trem vindo da cidade chinesa de Wuhan. Os resultados dos exames médicos realizados no paciente serão conhecidos até quinta-feira.

Medidas de controle

Autoridades britânicas anunciaram que enviarão equipes médicas para receber os passageiros procedentes dos três voos diretos semanais entre Wuhan e o aeroporto de Heathrow, em Londres. O Ministério da Saúde britânico aumentou de "muito baixo" para "baixo" o risco referente à possível chegada no país de pessoas portadoras do coronavírus, acrescentando que medidas preventivas podem ser estendidas a voos provenientes de outras cidades chinesas "se necessário".

Na Itália, as medidas de segurança incluem o monitoramento da temperatura dos passageiros através de scanner. O Ministério da Saúde do país organiza um posto de controle sanitário no aeroporto de Fiumicino, em Roma, ligado a Wuhan por três voos diretos semanais. Também há planos para compilar formulários indicando os destinos e rotas de passageiros desembarcados no aeroporto mais movimentados na Itália.

Outros países implementaram monitoramentos sistemáticos de temperatura para viajantes da China, incluindo a Rússia e a Tailândia.

Na terça-feira (21), o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças classificou como moderado o risco de "importar" casos da doença para o bloco, mas acrescentou que os deslocamentos em razão do Ano Novo Chinês aumentavam as chances de isso acontecer.

Autoridades de saúde da Romênia também informaram que desejam estabelecer controles de temperatura dos passageiros nos aeroportos do país.

Na França, a ministra da Saúde, Agnès Buzyn, classificou na terça-feira o risco de introdução do coronavírus no país como "baixo", mas "não excluído". As autoridades francesas não implementaram controles de temperatura, mas mensagens de precaução são transmitidas em voos diretos para Wuhan e vindos dessa localidade chinsesa.

O presidente chinês, Xi Jinping, assegurou por telefone ao seu colega francês, Emmanuel Macron, que a China havia adotado "medidas estritas de prevenção e controle", de acordo com observações divulgadas pela agência Nova China. "A China está disposta a trabalhar com a comunidade internacional para responder efetivamente à epidemia e manter a segurança da saúde em todo o mundo", afirmou.

Na Alemanha, não existem "medidas específicas nesta fase nos aeroportos", segundo o Ministério da Saúde alemão.

Faltam máscaras

Diante da gravidade da situação, os chineses tentam se proteger. Em uma farmácia de Pequim, uma funcionária era obrigada a explicar aos clientes que não havia mais máscaras ou desinfetantes para vender. "Os estoques estão a zero por causa do que está acontecendo em Wuhan. Quando o número de casos chegou perto de 300 contaminados, as pessoas perceberam que era sério", disse a atendente.

Quase a metade das províncias chinesas são afetadas pelo surto do coronavírus, incluindo grandes cidades como Xangai e Pequim. O governo anunciou medidas preventivas, como ventilação e desinfecção em aeroportos, estações e shopping centers. Sensores de temperatura corporal também podem ser instalados em locais movimentados.

As partidas classificatórias de futebol feminino para as Olimpíadas de Tóquio 2020, originalmente marcadas para fevereiro, em Wuhan, foram transferidas para o leste do país, anunciou a Confederação Asiática de Futebol (AFC).

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