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Ex-ministro do Interior choca a Itália ao constranger família tunisiana

22/01/2020 21h21

Roma, 22 jan (EFE).- O ex-ministro de Interior da Itália e presidente do partido Liga, Matteo Salvini, causou escândalo no país com sua mais recente ação: interfonar para a residência de um cidadão tunisiano em Bolonha para perguntar se ele e o filho eram traficantes de drogas.

"Bom dia, boa tarde... Você mora no primeiro andar? Pode me deixar entrar, por favor? Porque eu fui informado de algo sério e gostaria que você negasse. Me disseram que você vende parte das drogas distribuídas no bairro", disse Salvini pelo interfone, além de perguntar: "É verdade ou mentira?".

O político postou ao vivo a abordagem no Facebook, aparecendo cercado por câmeras e microfones e acompanhado por alguns vizinhos, entre eles uma senhora que fez a "denúncia".

A cena aconteceu ontem no bairro de Pilastro, nos arredores de Bolonha, onde o político extrema-direita estava participando da campanha eleitoral para as eleições regionais do próximo domingo em Emilia-Romagna.

Salvini repete o sobrenome da família tunisiana várias vezes e diz ter sido informado que o pai e o filho são traficantes.

As reações não tardaram a aparecer. O Partido Democrata (PD), que está no poder, chamou a ação de "simplesmente indecente".

"Um testemunho de barbárie, um inimigo do estado de direito. A vergonha de um país democrático e civil. Este é Matteo Salvini", escreveram os deputados do PD no Twitter.

Para Alessia Morani, vice-ministra do Desenvolvimento Econômico do PD, "Salvini é um provocador perigoso que excedeu todos os limites".

O deputado Sami Ben Abdelaali, falando em nome do Parlamento tunisiano, exigiu que Salvini se desculpasse com a família.

"Estamos impressionados, a Tunísia não merece esse tratamento. Felizmente, as relações internacionais entre a Itália e a Tunísia vão muito além dos incentivos discriminatórios do líder da Liga", disse o deputado.

"Tratar nossos imigrantes dessa maneira é uma vergonha. Defendo a dignidade e os direitos de nossos cidadãos. Se houvesse um problema, poderíamos ter informado as autoridades competentes sem a necessidade de organizar isso diante das câmeras", afirmou.

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