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Democratas apresentam alegações iniciais do julgamento do impeachment de Trump

22/01/2020 20h10

Washington, 22 Jan 2020 (AFP) - Os democratas começaram a apresentar, nesta quarta-feira (22), suas alegações iniciais no julgamento político de Donald Trump no Senado, um dia após uma sessão para fixar as regras do processo revelar coesão na maioria republicana - o que aponta para a provável absolvição do mandatário.

O deputado democrata Adam Schiff, titular da Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes, encarregado da acusação contra Trump, subiu ao palaque do Senado para argumentar que o presidente deve ser afastado do cargo devido às acusações de abuso de poder e de obstrução do Congresso.

"O presidente mostrou que acha estar acima da lei", disse Schiff, que liderou a investigação contra Trump na Câmara dos Representantes.

"O presidente Trump solicitou interferência estrangeira em nossas eleições, abusando do poder de seu mandato para buscar ajuda no exterior e melhorar suas chances de reeleição", disse o deputado, acrescentando que quando foi flagrado, "utilizou os poderes a seu alcance para obstruir a investigação".

Schiff rebateu os argumentos dos republicanos de que devem ser os eleitores americanos a decidir nas eleições de novembro se Trump permanece na Casa Branca e que este não é o papel do Senado.

"A má conduta do presidente não pode ser decidida nas urnas porque não podemos ter certeza de que a votação será conduzida de maneira justa", afirmou.

Segundo a acusação, Trump abusou de seu poder quando tentou pressionar a Ucrânia para interferir nas eleições de 2020 a seu favor, sugerindo ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que investigasse os negócios do filho de Joe Biden, um dos favoritos entre os pré-candidatos democratas às eleições presidenciais de novembro.

Segundo o partido Democrata, Trump pressionou a Ucrânia ao reter cerca de 400 milhões de dólares em ajuda militar para um país que tem um conflito com rebeldes pró-Rússia no leste do seu território.

Em seguida, Schiff implorou aos senadores para atuarem como jurados imparciais. "Nossa lealdade é à Constituição e ao Estado de Direito", afirmou.

Mas suas palavras provavelmente tiveram como destino ouvidos surdos, já que na terça-feira o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, exibiu um controle férreo da bancada governista, que tem 53 das 100 cadeiras da casa, num indício de como será o julgamento que provavelmente terminará com a absolvição do presidente.

Além disso, é necessária uma maioria de dois terços para que o impeachment contra Trump seja aprovado, ou seja 67 votos a favor.

A partir de hoje, os sete membros da Câmara que representam a acusação vão ter três sessões de oito horas para expor seus argumentos contra Trump.

Já a defesa terá um tempo equivalente, também em três sessões, e depois serão 16 horas para as perguntas.

- Um julgamento "bastante rápido" - Na terça-feira, antes do processo abordar as duas acusações que pesam sobre Trump, republicanos e a oposição democrata se envolveram em uma tensa luta pelas regras do procedimento, uma disputa que durou 13 horas, entrando pela madrugada.

Todas as tentativas dos democratas de convocar testemunhas importantes ou obter documentos foram bloqueadas pela maioria republicana.

Nesta quarta-feira, o líder dos democratas, Chuck Schumer, continuou a criticar McConnel.

"Se há algo que aprendemos aqui nesta noite no Senado é que o líder McConnell e os republicanos no Senado não querem um julgamento justo que considere as evidências", disse Schumer.

Trump defendeu a estratégia dos republicanos de repelir os esforços da oposição democrata para obter o depoimento do ex-conselheiro de Segurança Nacional John Bolton e de outros funcionários, ao considerar que representaria um "problema de segurança nacional".

"Ele sabe o que penso dos líderes. E se ele revelar o que penso sobre um certo líder e isso não for positivo?", advertiu Trump ao se referir ao importante papel de Bolton, que deixou a Casa Branca em setembro, após várias divergências.

Trump afirmou que espera que o Senado o absolva "rapidamente".

- "Investigações políticas falsas" -Quatro meses após o escândalo ucraniano, Trump se tornou o terceiro presidente da história dos Estados Unidos a enfrentar um processo de impeachment, depois de Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1999.

O representante de Trump, Pat Cipollone, disse terça-feira durante a audiência que um julgamento partidário equivale a "roubar uma eleição" e acusou os democratas de iniciar uma "investigação política falsa" contra Trump pouco antes das eleições presidenciais de novembro.

"Eles querem tirar o presidente Trump das cédulas de votação", concluiu.

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