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MPF ignora Polícia Federal e denuncia Glenn Greenwald

21/01/2020 14h44

SÃO PAULO, 21 JAN (ANSA) - O Ministério Público Federal em Brasília (MPF) denunciou o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, no âmbito da Operação Spoofing, que investiga invasões contra celulares de autoridades.   


O repórter não era investigado nem havia sido indiciado pela Polícia Federal, que não encontrara indícios de delitos, mas o MPF decidiu denunciá-lo por organização criminosa. Segundo o Ministério Público, Greenwald "auxiliou, orientou e incentivou" os hackers.   


Entre as vítimas das invasões estão o ministro da Segurança Pública, Sergio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no MPF em Curitiba.   


O procedimento é assinado pelo procurador Wellington Divino Marques de Oliveira e também denuncia seis supostos hackers por organização criminosa e lavagem de dinheiro: Walter Delgatti Neto, Thiago Eliezer Martins Santos, Danilo Cristiano Marques, Gustavo Henrique Elias Santos, Luiz Henrique Molição e Suelen Oliveira.   


Greenwald foi denunciado com base no áudio de um diálogo encontrado em um notebook apreendido na casa de um dos investigados. Segundo o MPF, a conversa aconteceu logo após a divulgação de que o celular de Moro havia sido invadido e comprovaria que o jornalista recomendou a Molição apagar as conversas.   


No diálogo, Greenwald diz que não há "nenhum motivo" para os hackers manterem os diálogos, mas afirma que a escolha é do interlocutor e que isso não prejudicaria o trabalho do Intercept. "É difícil porque eu não posso te dar conselho, mas eu tenho a obrigação para proteger meu fonte, e essa obrigação é uma obrigação pra mim que é muito séria, muito grave, e nós vamos fazer tudo para fazer isso, entendeu?", afirma o jornalista.   


De acordo com o MPF, essa postura caracteriza "clara conduta de participação auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção a fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos".   


Segundo ranking da ONG Repórteres sem Fronteiras, o Brasil é apenas o 105º colocado em termos de liberdade de imprensa no mundo e caiu três posições entre 2018 e 2019. "O direito ao sigilo das fontes já foi questionado em diversas situações no país, e muitos jornalistas e meios de comunicação são alvos de processos judiciais abusivos", diz o relatório da RSF.   


Nos últimos meses, o Intercept publicou uma série de reportagens baseadas em mensagens de procuradores da Lava Jato e que evidenciaram ações coordenadas entre o MPF e o então juiz Sergio Moro.   


O próprio Greenwald chegou a ser agredido por um colega de profissão, Augusto Nunes, durante um programa de rádio. Além disso, o presidente Jair Bolsonaro defendeu publicamente que o jornalista fosse colocado em "cana". (ANSA)
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