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Ibovespa amplia perdas com forte declínio de bancos e Vale; vírus na China preocupa

21/01/2020 16h51

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa ampliava as perdas nesta terça-feira para mais de 1% e perdia o patamar dos 118 mil pontos, com o forte declínio de papéis de bancos e da Vale entre as maiores pressões negativas, além de receios sobre notícias de novo vírus na China.

Às 16:42, o Ibovespa caía 1,32%, a 117.294,36 pontos. O volume financeiro somava 16,7 bilhões de reais.

As ações de bancos aceleraram as quedas nesta sessão, com o setor ainda pressionado por preocupações sobre mudanças regulatórias e aumento da competição, além do ambiente de juros menores e aumento da tributação.

Em Davos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a desigualdade no país advém principalmente da falta de oportunidades equânimes, além da falta de competição na economia, citando o setor bancário como 'cartel'.

Na visão do analista da Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, o comentário de Guedes reforça percepção de que o governo busca para um ambiente de maior competitividade no país, que tem sido um dos pontos de pressão nos bancos.

O Goldman Sachs publicou prévia para os resultados dos maiores bancos do país, na qual os analistas afirmaram continuar cautelosos, citando expectativa de que os retornos sobre o patrimônio (ROE) continuem pressionados.

As units do Santander Brasil capitaneavam as perdas, com declínio de 4,28%, mas as maiores pressões vinham de Itaú Unibanco PN e Bradesco PN, que detêm forte participação no Ibovespa e recuavam 2% e 2,85%, respectivamente. Banco do Brasil ON cedia 3%.

Os papéis da Vale também acentuaram as perdas e caíam 2,6%, após notícia de que o Ministério Público de Minas Gerais apresentará nesta terça-feira denúncia contra funcionários mineradora e da TÜV SÜD por crimes de homicídio e ambientais relacionada ao desastre em Brumadinho.

O ex-presidente da Vale Fabio Schvartsman está entre os denunciados devido ao rompimento de uma barragem em Brumadinho (MG) em 25 de janeiro do ano passado, segundo documento visto pela Reuters.

Ainda entre as blue chips, Petrobras PN recuava 1,1%, acompanhando o declínio do petróleo no mercado internacional.

Do exterior, o surto de coronavírus na China trazia apreensão , com o número de mortes subindo para seis nesta terça-feira e autoridades relatando aumento em novos casos - mais de 300 pessoas foram infectadas até o momento.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos confirmou que um viajante da China foi diagnosticado em Seattle com o coronavírus Wuhan.

Há receios de que a cifra de infecção aumente ainda mais com as viagens de centenas de milhões de pessoas para o feriado do Ano Novo Lunar. Além dos EUA, casos fora da China foram relatados na Coréia do Sul, Tailândia e Japão.

"Na falta de mais novidades sobre a economia brasileira, o mercado brasileiro acaba sofrendo com eventos externos, como o aparecimento de um novo vírus na China", destacou Arbetman.

Ele acrescentou que o mercado ainda sente os efeitos do surto de febre suína africana na China, que dizimou rebanhos no país asiático e ainda não está controlado, e agora precisa também lidar com mais esse risco.

No contexto relacionado às preocupação com o novo vírus na China, Gol caía 4% e CVC Brasil perdia 3,8%. Azul PN recuava 2,5%.

Ainda entre os destaques negativos do Ibovespa, Cia Hering desabava 11,5%, refletindo a reação negativa a dados de faturamento no quarto trimestre divulgado pela varejista de vestuário na noite de segunda-feira.

TIM figurava na ponta oposta, em alta de 2,9%, ajudada por melhora na recomendação para 'outperform' por analistas do Credit Suisse.

A piora da bolsa também tinha de pano de fundo a deterioração no câmbio, com o dólar ampliando valorização ante o real. Mas se tal movimento pesava em papéis como companhias aéreas, ajudava outras, como Braskem PNA e JBS, que subiam 4,3% e 1,8%, respectivamente.

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