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Governo francês afasta 16 funcionários dos serviços de inteligência por suspeita de radicalização

21/01/2020 15h40

O governo francês revelou nesta terça-feira (21) que 16 pessoas foram afastadas dos serviços de inteligência do país por "potencial radicalização" desde 2014. Após o anúncio, o gabinete do primeiro-ministro, Edouard Philippe, prometeu colocar em prática medidas para reforçar a vigilância nos órgãos do governo que trabalham com segurança.

As informações constam de dois relatórios da Inspeção dos Serviços de Inteligência da França (ISR, sigla em francês). Segundo as autoridades, entre as 16 pessoas afastadas, há suspeitos de estarem envolvidos diretamente com terrorismo e outros nos quais a radicalização é registrada entre familiares ou amigos.

Em comunicado, o gabinete do primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, anunciou ter tomado uma série de medidas destinadas a reforçar a segurança interna nos serviços de inteligência do país. "A partir deste ano, uma formação sobre sinais de radicalização será sistematizada a todos os funcionários do setor", afirma.

Já em matéria de recrutamento, uma habilitação sobre segredo de defesa será oferecida a todos os que passarem a exercer uma função no setor. Além disso, as entrevistas para contratação de novos funcionários serão "melhor formalizadas e contarão com entrevistas com um psicólogo e um responsável de segurança", reitera o comunicado.

Atentado na Polícia de Paris

Os relatórios foram realizados após o atentado na sede da Polícia de Paris, em 3 de outubro de 2019. O ataque foi perpetrado por um funcionário do setor de informática, Mickaël Harpon, de 45 anos. Ele matou a facadas quatro colegas após ser neutralizado no local.

Após o massacre, a polícia descobriu que o agressor havia se convertido ao Islã há mais de dez anos e tinha contato com pessoas suspeitas de radicalização, sobretudo do movimento salafista. Colegas de Harpon também contaram aos investigadores que seu comportamento havia mudado nos últimos anos: ele passou a rejeitar apertos de mão com colegas mulheres, mudou sua forma de se vestir e apoiava abertamente os atentados terroristas na França. Em 33 mensagens que ele trocou com a esposa pelo celular antes do ataque, afirmou que havia conversado com Alá, que teria pedido que agisse.

Segundo as autoridades, todas as 16 pessoas citadas nos documentos foram afastadas dos serviços de inteligência da França antes do atentado perpetrado por Harpon. Nenhum caso de radicalização foi detectado desde o massacre na sede da Polícia de Paris, afirmam os relatórios.

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