Cidade faz mutirão após fogo destruir salão onde haveria três casamentos

Sonho antigo, o casamento em conjunto de três filhos e a comemoração de 50 anos de casamento do patriarca e da matriarca da família quase não saiu no papel. Na sexta-feira (17), um incêndio consumiu o Clube Cultural e Esportivo, onde seria realizada a celebração das uniões de duas irmãs e um irmão com seus pares na manhã do dia seguinte, em São Domingos (SC). Decoração, iluminação, equipamentos de som, entre outros itens, foram consumidos pelas chamas.

Naquela noite, a família já estava em clima de festa. Por volta das 20h30, os noivos saíram do ensaio na igreja e foram até uma pizzaria receber os parentes com um barril de chope. Uma das noivas, a engenheira agrônoma Joseane Gitrone, 40 anos, foi com o marido até o clube para resolver o problema em uma chopeira. Nas escadas para o segundo andar, escutaram um estouro, mas não se preocuparam. "Quando chegamos na pista, vimos as chamas no painel onde estavam os doces. Eu falei: "vamos apagar" e pegamos dois extintores, mas outros três extintores estavam sem carga. Quando o fogo chegou no forro não conseguimos mais controlar."

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O funcionário de um restaurante, que operava no primeiro andar do prédio, ajudou o casal, mas as chamas se alastraram rapidamente e os três saíram às pressas do clube. Em seguida, o Corpo de Bombeiros chegou ao local e começou o combate ao incêndio. "A primeira sensação foi horrível, passa um filme na cabeça. Só me lembrava dos meus pais, pela idade. Era um sonho que estava programado há um ano e meio", conta Joseane.

Os parentes que estavam na pizzaria foram até o clube, tomado pelo fogo. Ao ver as chamas, o agricultor Jacir Gitrone, 72 anos, que celebraria as Bodas de Ouro com a esposa, Dirlene Gitrone, 67 anos, teve um pico de pressão alta e precisou receber atendimento médico. Sensibilizada com a situação, a comunidade local e diversos fornecedores passaram a entrar em contato com a família e com a cerimonialista Tatiane Garay, oferecendo ajuda para a festa ser organizada em outro lugar. Ainda na unidade de saúde, foi decidido organizar a comemoração no Centro Comunitário da cidade.

"Os fornecedores se uniram. Inicialmente, não teria copos de vidros. Daí uma fornecedora de Chapecó ofereceu 500 copos de acrílico. No final, conseguimos os copos de vidro aqui mesmo. As decoradoras aqui da cidade ofereceram tapetes e material para decoração. Lá no salão chegaram muitos vizinhos para arrumar as mesas. A comunidade toda se mobilizou", conta a cerimonialista.

Aos poucos a festa foi ganhando forma. "Todo mundo começou a vir aqui em casa. Às 23h a gente recebeu as chaves do salão. Um deu louça, outro material de limpeza, um decoração. As pessoas se comoveram", conta a engenheira agrônoma. A arrumação avançou pela madrugada. Era por volta das 3h30 quando Joseane deixou o Centro Comunitário para descansar, mas não conseguiu dormir. "Eu só me lembrava do incêndio. Ficava aquela imagem na cabeça."

Para a mãe de Joseane, Dirlene Gitrone, o incêndio evitou uma tragédia maior. "Eu me conformei bem rápido. Se era para entrar no clube no sábado e ter desgraça maior, melhor que fosse como aconteceu. O fogo levou um sonho, mas não levou minha família, meus convidados", acredita. Para ela, o incêndio é mais uma mostra de superação da família. "A gente começou do nada. Quando a gente se casou foi embaixo de um telhadinho, num lugar de madeira."

Na manhã de sábado, os noivos entraram na Igreja Matriz, no Centro da cidade. Em seguida, comemoraram a união no Centro Comunitário, ainda cansados com a madrugada de arrumação. "Foi muito lindo nosso casamento, minha mãe com quase 90 anos pôde participar", conta Dirlene.

Causas desconhecidas

Ainda não se sabe o que provocou o incêndio. Segundo o soldado do Corpo de Bombeiros Felipe Cardoso, a corporação foi chamada às 21h. Ao chegarem ao local, o incêndio estava concentrado no segundo andar, mas se espalhou rapidamente. Foram enviados reforços das cidades vizinhas - São Lourenço do Oeste, Xanxerê e Quilombo. Os bombeiros levaram cerca de três horas nos trabalhos de combate às chamas e rescaldo. Ao todo, foram usados 60 mil litros de água.

Os prejuízos ainda estão sendo calculados. Apenas com equipamentos da banda estima-se perda de R$ 600 mil.