Comey admite 'negligência real' em solicitação do FBI para monitorar ex-consultor de Trump
Washington, 15 dez 2019 (AFP) - O ex-diretor do FBI James Comey reconheceu neste domingo uma "negligência real" na forma como a agência acatou uma ordem para monitorar um conselheiro de campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com laços com a Rússia.
Este assessor, Carter Page, esteve no centro de uma investigação de segurança nacional que o FBI abriu sobre a interferência russa na campanha presidencial de 2016.
Mas Comey, que defendeu repetidamente o FBI contra os ataques de Trump, admitiu numa entrevista ao "Fox News Sunday" que Page havia sido tratado injustamente e que a ordem do FBI de monitorá-lo, que ele próprio assinou, continha "erros significativos".
"Houve negligência real, 17 coisas que deveriam estar presentes nas solicitações ou pelo menos deveriam ter sido discutidas e classificadas de forma diferente. Não era aceitável", disse Comey, demitido por Trump em 2017.
O inspetor geral do FBI Michael Horowitz detalhou os erros em um relatório muito crítico na semana passada.
"O inspetor-geral não encontrou má conduta da equipe do FBI, não encontrou preconceitos políticos, não encontrou comportamento ilegal", disse Comey.
Mas ele "encontrou erros significativos, e isso não é algo para desprezar; é realmente importante", acrescentou.
Horowitz se concentrou em imprecisões e omissões na solicitação do FBI ao tribunal especial da Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira (FISA), que lida com solicitações de vigilância.
Entre suas críticas estava a confiança do FBI em um relatório não verificado, preparado por um ex-agente de inteligência britânico, Christopher Steele, que chamou a atenção para os esforços russos de se infiltrar na campanha de Trump.
Horowitz descobriu que o tribunal não havia sido informado de que esse documento havia sido pago pelos democratas e, no entanto, desempenhou um papel central no estabelecimento de uma provável causa para a obtenção da ordem.
Neste domingo, Comey reconheceu que, ao renovar a ordem da FISA três vezes, o FBI deveria ter informado ao tribunal que havia questões importantes sobre a veracidade desse documento.
"Mas isso não leva à conclusão de que os relatórios de Steele são uma mentira", acrescentou.
Quanto a Page, o ex-diretor da FIB disse que "ele foi tratado injustamente". "Ele é cidadão dos Estados Unidos, e seu nome nunca deveria ter sido divulgado, isso é um ultraje".
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