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Forças Armadas alemãs voltarão a empregar rabinos como capelães militares

11/12/2019 16h26

Ministra da Defesa diz que medida envia um "sinal importante" para centenas de judeus que servem na Bundeswehr. Militares do país não contam com assistência de rabinos desde a Primeira Guerra, há mais de cem anos.As Forças Armadas da Alemanha (Bundeswehr) vão empregar rabinos como capelães militares. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (11/12) pela ministra da Defesa do país, Annegret Kramp-Karrenbauer.

As dezenas de milhares de católicos e protestantes em uniforme contam há décadas com assistência religiosa na Bundeswehr, mas os últimos registros de emprego de rabinos como capelães militares datam da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando dezenas de milhares de judeus serviram no antigo Exército Imperial.

O Ministério da Defesa aponta que há pelo menos 300 judeus servindo na Bundeswehr atualmente. O contingente total das Forças Armadas da Alemanha é de cerca de 180 mil militares, sendo que 90 mil se declaram cristãos praticantes.

Ao anunciar o plano, Kramp-Karrenbauer disse que a medida mostra "um comprometimento claro: a vida judaica é autoevidente na Alemanha". "Hoje, na reunião de gabinete, nós enviamos um sinal importante para nossos soldados judeus. Após cem anos, vamos empregar novamente um rabino militar na Bundeswehr."

A medida já foi aprovada pelo governo alemão e agora aguarda sinal verde do Parlamento. A nomeação dos novos capelães judeus deve contar com a participação do Conselho Central dos Judeus da Alemanha (ZdJ, na sigla em alemão), principal organização judaica do país, que deve indicar os candidatos, cabendo à Bundeswehr a palavra final sobre a escolha.

Os capelães militares normalmente prestam assistência religiosa aos membros de uma corporação militar e ainda servem de conselheiros em questões éticas ao longo do treinamento ou de missões militares.

O anúncio também levantou o tema do oferecimento de assistência religiosa para os cerca de 3 mil muçulmanos que servem na Bundeswehr, mas a questão ainda esbarra na falta de um conselho central que represente a comunidade islâmica na Alemanha e que possa indicar os candidatos a capelão.

As diferentes mesquitas do país não contam com um órgão central como o ZdJ, a Conferência dos Bispos da Alemanha (DBK) ou a Igreja Evangélica na Alemanha (EKD, na sigla em alemão). Esta última representa a maior parte da comunidade protestante.

O anúncio de que as forças militares da Alemanha vão voltar a empregar rabinos ocorre em um momento delicado para a Bundeswehr, que se vê envolta em uma série de escândalos sobre a presença de extremistas de direita em suas fileiras.

Em 2017, um soldado da Bundeswehr chocou a Alemanha e a Áustria ao ser preso tentando recuperar uma arma e munição que havia escondido no aeroporto de Viena. Ele foi acusado de planejar ataques a políticos do alto escalão e figuras públicas que acreditava serem "favoráveis a refugiados". Ele também foi acusado de armazenar memorabilia nazista em seu quartel, incluindo uma caixa de fuzil com uma suástica gravada.

Mais recentemente, três militares da unidade de elite militar Comando de Forças Especiais (KSK) se tornaram alvo de uma investigação por suspeita de ligação com a cena extremista. Dois deles foram acusados de fazer a saudação nazista em uma festa privada. Fazer a saudação nazista e exibir publicamente símbolos nazistas são ilegais na Alemanha.

JPS/ots

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