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Exigência de referendo estremece relações entre Londres e Edimburgo

11/12/2019 17h11

Remei Calabuig.

Edimburgo, 11 dez (EFE).- O Partido Nacionalista Escocês (SNP) vai às eleições desta quinta-feira prometendo ser uma resistência ao Partido Conservador, que começa como favorito e é confrontado com a exigência de um novo referendo de independência da Escócia que deve piorar a já complicada relação entre Londres e Edimburgo.

A legenda, liderada pela ministra-principal da Escócia, Nicola Sturgeon, baseou sua estratégia de campanha na colocação do primeiro-ministro, o conservador Boris Johnson, como o responsável pela saída do Reino Unido da União Europeia, um cenário que contou com rejeição da maioria dos escoceses.

Essa oposição ao Brexit justifica, segundo o SNP, a necessidade de um novo referendo separatista já em 2020. Há cinco anos, 55% dos eleitores votaram contra a independência.

Johnson mostrou forte oposição a discutir a possibilidade de uma consulta popular e prometeu que, se reeleito, impedirá os escoceses de voltarem às urnas para votar sobre o tema.

Sturgeon já anunciou que, após o pleito desta quinta, enviará uma carta ao próximo primeiro-ministro britânico solicitando formalmente o novo referendo, que só poderá ser realizado de forma legal e vinculativa com o consentimento de Londres.

"Se o resultado destas eleições for um forte governo de maioria conservadora, então eu posso garantir que vamos recusar qualquer pedido do governo do SNP para realizar um referendo de independência. Não haverá negociação: devolveremos a carta ao remetente e acabaremos com ela", declarou Johnson em campanha.

Caso as pesquisas estejam corretas, o confronto entre Londres e Edimburgo está garantido: o SNP deve sair reforçado das urnas, passando de 35 para 43 cadeiras na Câmara dos Comuns, do total de 59 reservadas à Escócia.

O QUE PODE ACONTECER SE JOHNSON CONTINUAR NO GOVERNO?

Se as pesquisas se confirmarem e o Partido Conservador vencer, a tensão entre os governos britânico e escocês poderá aumentar significativamente com o apelo por um segundo referendo.

Enquanto Johnson acredita que a questão foi resolvida durante pelo menos uma geração com a votação de 2014, Sturgeon argumenta que o Brexit mudou as circunstâncias e que o mais democrático seria dar aos eleitores uma nova voz.

"Uma vitória do SNP nestas eleições seria um recado claro do povo da Escócia para que a democracia escocesa seja respeitada. Westminster não deve vetar o direito do povo da Escócia de decidir o seu próprio futuro", disse o líder.

É provável que este duelo de gigantes, segundo analistas consultados pela Agência Efe, seja resolvido judicialmente, com o governo escocês apelando aos tribunais diante da recusa de Londres em realizar uma nova votação.

QUE CENÁRIO SE ABRIRÁ CASO JOHNSON NÃO OBTENHA A MAIORIA?

Esse seria um cenário mais encorajador para o SNP, uma vez que, com um Parlamento fragmentado em que os conservadores não tenham maioria absoluta, o Partido Trabalhista poderia formar o governo se fechar um acordo com os escoceses.

A chave para permitir este governo, que seria comandado pelo líder trabalhista Jeremy Corbyn, seria conseguir uma nova votação sobre a independência. Isso porque, embora os nacionalistas escoceses tenham excluído a possibilidade de fazer parte de uma coligação, estariam dispostos a dar o apoio em troca de um referendo.

Embora a recusa de Johnson seja contundente, Corbyn tem sido mais aberto a conversas para considerar um referendo na segunda metade de um hipotético mandato. EFE

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