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Boris Johnson batalha por cada voto na véspera das eleições britânicas

11/12/2019 13h21

Guiseley, Reino Unido, 11 dez 2019 (AFP) - O primeiro-ministro britânico Boris Johnson batalhava nesta quarta-feira por cada voto, depois que uma pesquisa mostrou a redução de sua vantagem para as eleições antecipadas desta quinta-feira, nas quais o Reino Unido decide o seu futuro.

Estas são as terceiras eleições legislativas organizadas pelo país em pouco mais de quatro anos, mas todos os partidos concordam em considerar as de 2019 "as mais importantes em uma geração".

O resultado das urnas definirá a abordagem à questão mais complexa apresentada aos britânicos em sua história recente: a saída da União Europeia, decidida por referendo em 2016, mas adiada três vezes pelo bloqueio político em um país profundamente polarizado.

Johnson, no poder desde julho, quando substituiu Theresa May como líder do Partido Conservador, busca uma maioria absoluta que permita concretizar o Brexit em 31 de janeiros, sem novos adiamentos.

Mas a oposição de centro-esquerda, liderada pelos trabalhistas de Jeremy Corbyn, quer convocar um segundo referendo que, dada a aparente mudança de parte da opinião pública, poderia simplesmente anular o Brexit.

As pesquisas apontavam até agora uma vantagem cômoda para os conservadores, mas a sondagem mais recente, considerada mais confiável por sua ampla mostra e metodologia, reduziu na terça-feira à noite a liderança a respeito da oposição trabalhista de 68 a 28 deputados em uma Câmara de 650 cadeiras.

E embora isto represente 339 deputados para Johnson, o instituto YouGov advertiu que, levando em consideração a margem de erro, os conservadores podem não conquistar a maioria.

Neste contexto, a menos de 24 horas da abertura dos locais de votação, Johnson concentra o último esforço para tentar seduzir eleitores tradicionalmente de esquerda mas que desejam o Brexit, tema a respeito do qual Corbyn continua demonstrando ambiguidade.

"Vamos batalhar por cada voto", afirmou em Guiseley, norte da Inglaterra, onde, dando sequência a uma campanha que tenta mostrá-lo como um homem do povo e não um distante político da elite londrina, começou o dia entregando garrafas de leite a eleitores que abriam as portas de casa ainda de pijamas.

- "No fio da navalha" -Johnson advertiu para o risco de um novo bloqueio parlamentar.

"A eleição não poderia ser mais crítica, não poderia ser mais acirrada. Eu apenas falo a todos que existe um risco real de que amanhã sigamos para um Parlamento sem maioria absoluta", declarou aos jornalistas.

Se conseguirem chegar ao poder, em coalizão ou com o apoio parlamentar dos nacionalistas escoceses do SNP e de outras formações de centro e profundamente pró-europeus como o Partido Liberal-Democrata, os trabalhistas têm outros planos para o Brexit.

Corbyn afirma que em seis meses conseguirá negociar um novo acordo de divórcio com Bruxelas, que mantenha laços muito estreitos entre as partes. Depois, ele promete submeter este acordo aos britânicos em um novo referendo junto com opção de simplesmente anular o Brexit.

"O Partido Trabalhista se encarregará de resolver o problema do Brexit, asseguraremos um bom acordo para os trabalhadores e daremos a vocês a última palavra", afirmou Corbyn em Middlesbrough, no noroeste da Inglaterra.

Porém, fiel a suas raízes eurocéticas, o líder esquerdista anunciou que permaneceria neutro e não participaria pessoalmente na campanha por nenhuma das opções.

O jornal conservador The Daily Mail fez um apelo a seus leitores para que compareçam às urnas, apesar da previsão para quinta-feira de um dia "chuvoso, com vento e frio", no qual a noite começará às 15H30 em vários pontos do país.

O Reino Unido não tem o hábito de convocar eleições nos meses de inverno, o que provoca o temor de um índice de participação abaixo da média.

"Mas esta eleição acontece no fio da navalha", adverte o tabloide. "Não vamos dormir em direção à catástrofe", acrescenta um editorial.

Com o programa mais esquerdista de seu partido em décadas, Corbyn prometeu reestatizar muitos serviços privatizados pela conservadora Margaret Thatcher nos anos 1980, acabar com as onerosas tarifas universitárias, descarbonizar a economia e elevar os impostos para os ricos, com o objetivo de aumentar exponencialmente as ajudas sociais.

"Vamos colocar dinheiro em seus bolsos porque merecem. Os ricos e as grandes empresas pagarão por isto", afirmou em sua mensagem final de quarta-feira.

acc/mar/fp

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