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Putin e Zelenski dialogam mas persistem divergências sobre paz na Ucrânia

Os presidentes Volodimir Zelenski (Ucrânia), Emmanuel Macron (França) e Vladimir Putin (Rússia) em encontro em Paris - Sputnik/Alexei Nikolsky/Kremlin/Reuters
Os presidentes Volodimir Zelenski (Ucrânia), Emmanuel Macron (França) e Vladimir Putin (Rússia) em encontro em Paris Imagem: Sputnik/Alexei Nikolsky/Kremlin/Reuters

10/12/2019 00h05

Os presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Volodimir Zelenski, concordaram nesta segunda-feira, em Paris, com a adoção de uma série de medidas para promover o processo de paz na Ucrânia, em uma reunião que deixou claro as divergências sobre o aspecto político da crise.

"Para mim, e digo honestamente, foi muito pouco. Queria resolver um maior número de problemas", resumiu Volodimir Zelenski durante entrevista coletiva ao final da reunião.

Já Putin se mostrou mais otimista e comemorou o "passo importante" dado em direção a 'desescalada' e "talvez" ao degelo das relações bilaterais. "A Rússia fará o que estiver em suas mãos para que o conflito termine".

Putin, Zelenski, o presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, destacaram que "o fato de estarmos reunidos já é, por si só, um resultado importante".

O presidente francês descreveu como uma "ferida aberta no coração do continente europeu" a guerra entre Kiev e os separatistas pró-Rússia.

A cúpula enviou vários sinais positivos, desde a consolidação do cessar-fogo a um novo intercâmbio de todos los prisioneiros restantes até o final de dezembro, passando por uma nova retirada de combatentes de três zonas, no prazo de quatro meses.

Mas o presidente ucraniano não conseguiu obter as condições para organizar eleições no Donbass, pois Kiev teme que a votação se faça sob as regras dos separatistas, sem a necessária liberdade e transparência.

"Temos divergências completas sobre a fronteira", declarou o líder ucraniano, enquanto Moscou exige a aplicação dos acordos de Minsk, que preveem que Kiev recupere o controle da fronteira somente após as eleições.

"A Ucrânia não cederá jamais seus territórios" - Donbass e Crimeia, anexados pela Rússia - não aceitará uma "federalização" e não permitirá que ninguém "influa em seu vetor de desenvolvimento" pró-europeu, afirmou Zelenski.

Para tentar superar as divergências, os quatro dirigentes acertaram que seus ministros das Relações Exteriores negociarão sobre "condições políticas e de segurança" visando eleições e uma nova cúpula no prazo de "quatro meses".

A guerra entre Kiev e os separatistas pró-Rússia provocou mais de 13.000 mortes na bacia de Donetsk, reduto industrial do leste ucraniano, em mais de cinco anos.

Os combates registraram queda desde os acordos de Minsk em 2015. Mas 80 mil homens permanecem na linha de frente, ao longo de 500 quilômetros, e mortes acontecem todos os meses no conflito.

Os países ocidentais e a Ucrânia acusam a Rússia de financiar e armar os rebeldes, o que Moscou nega, afirmando que desempenha um papel político-humanitário para proteger as populações locais de língua russa.

Desde a mudança de presidente na Ucrânia, houve um alívio nas tensões: 70 prisioneiros foram trocados - incluindo figuras muito simbólicas - as tropas recuaram em três pequenos setores da linha de frente e os navios de guerra que foram interceptados pela Rússia foram devolvidos.

Mas Zelenski, um estreante na política, está sob pressão da opinião pública em seu país, que teme que ele faça muitas concessões para cumprir sua promessa de campanha de acabar com a guerra.

Putin tem sido mais cauteloso com suas intenções, contente em descrever o presidente ucraniano como "sincero" e "simpático".

Mas as concessões não podem vir apenas de Zelenski, insiste a Alemanha. "Se quisermos progredir, a Rússia também deve fazer um gesto", disse Heiko Mass, chefe da diplomacia alemã.

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