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O desafio de fazer turismo numa Paris mergulhada no caos e sem transportes

10/12/2019 18h25

Paris, 10 dez 2019 (AFP) - Diante da Catedral de Notre Dame, o colombiano Guillermo Pulido tenta esquecer as buzinas impacientes dos carros, engarrafamentos e o caos que o cercam para aproveitar sua viagem a Paris com sua esposa e dois filhos.

"Nós nos movemos como podemos, na maioria das vezes a pé e às vezes de Uber", diz, sereno, o turista de 50 anos.

A família chegou a Paris no domingo. "Estávamos tão ansiosos por vir que não nos importamos tanto com distâncias e dificuldades", acrescenta o colombiano, cercado por outros turistas que tiram fotos em frente à catedral, que está em reforma desde o incêndio que destruiu parte do templo em abril passado.

Desde a última quinta-feira, quando começou uma série de protestos contra a reforma da previdência no país, incluindo a greve no transporte público, milhares de turistas tiveram que mostrar muita imaginação e paciência para visitar as principais atrações da capital francesa.

Rubiela, esposa de Guillermo, diz que não se surpreende com a participação na greve. "Na Colômbia, a situação também é assim. Mesmo na América Latina ... Há mobilizações por toda parte", acrescenta, referindo-se à onda de protestos que abalam vários países da região.

Com o serviço de metrô interrompido e com os poucos ônibus que circulam lotados, Paris oferece como alternativas de locomoção para os turistas as caminhadas ou, se houver euros suficientes no bolso, os táxis, mas nesse caso é necessário ter sorte para encontrar um disponível.

"Gastamos uma fortuna com táxis! As pessoas têm o direito de fazer greve, mas nosso orçamento de férias explodiu", reclama Stuart, um turista americano na casa dos 60 anos que convidou sua esposa, Mary, para uma viagem surpresa para a capital francesa por seu aniversário, sem imaginar o que os esperava.

- Bicicleta, patinete elétrico ou a pé -Muitos turistas optaram por utilizar bicicletas ou patinetes elétricos que se espalham por toda a cidade. Outros, menos aventureiros, se resignaram a calçar seus sapatos mais confortáveis para explorar Paris a pé.

"Ouvi dizer que houve uma greve na semana passada, mas não sabia o que estava acontecendo. Na Itália, as greves geralmente duram um dia, mas os franceses são mais teimosos do que nós!", diz Matteo Soso, um turista italiano de 33 anos, que arrasta sua mala a pé da Gare du Nord, a estação norte, uma das principais estações ferroviárias de Paris, até o seu hotel, no bairro de Montparnasse, a mais de 6 quilômetros de distância.

"De fato, não nos incomoda muito. De qualquer forma, a nossa intenção era caminhar e, assim, visitamos Paris", acrescenta seu companheiro de viagem, Justin Ianitelli, 35 anos, enquanto cruzava com um passo firme e um olhar deslumbrado a famosa Ponte das Artes, que atravessa o rio Sena, no centro de Paris.

A poucos metros, um grupo de turistas holandeses utiliza patinetes elétricos para circular pelas docas do Sena. "É a única maneira de se locomover. É barato, rápido e simples", diz Joel, estudante de 22 anos.

"Soubemos da greve no último minuto, mas todas as reservas já estavam feitas", acrescenta o jovem, que se recusa categoricamente a encurtar a viagem. "No momento, estamos nos divertindo muito", diz, antes de seguir em frente.

O mesmo entusiasmo mostra José Barrilao, um turista espanhol. Preferíamos andar de metrô, visitar mais ... mas no final tivemos que visitar tudo a pé. É outra maneira de visitar Paris!", diz enquanto caminha encantado com os Jardins das Tulherias.

No entanto, a greve dos transportes começa a preocupar os profissionais do turismo, que alegam que já registraram uma queda de 30% nos restaurantes e hotéis.

"Nossas vendas caíram drasticamente", disse Afid, funcionário do creperia Chez Suzette, no bairro latino de Paris. "A rua está praticamente vazia. No momento, temos quatro clientes, é algo que nos preocupa muito", lamenta.

meb/bl/lca

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