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Eleições no Reino Unido: forte mobilização de jovens é vantagem para Partido Trabalhista

10/12/2019 19h03

A campanha eleitoral para as legislativas de 12 de dezembro está quase finalizada - com forte vantagem do Partido Conservador - mas com os olhos voltados para a juventude britânica. Mais ativos do que na época do referendo sobre o Brexit, a grande maioria dos jovens do país deseja permanecer na União Europeia e deve votar para os trabalhistas.

Com informações de Béatrice Leveillé, enviada especial da RFI ao Reino Unido

Alguns deles ainda não tinham idade para votar em 2016, quando os britânicos decidiram pela saída da União Europeia. Mais progressistas do que a geração anterior, os jovens eleitores podem ter um peso importante nas eleições legislativas de quinta-feira (12).

Nas legislativas de 2017, 66% dos britânicos de 18 ou 19 anos votaram para o Partido Trabalhista, e apenas 19% deles optaram pelo Partido Conservador, segundo um estudo do Instituto YouGov. Quanto mais a idade dos eleitores avançava, menor era o voto progressista, com uma inversão da curva aos 47 anos.

Nas eleições europeias realizadas em maio, os jovens britânicos votaram em peso pata os liberais-democratas e os Verdes, que se opõem ao Brexit. De fato, a maioria desses eleitores quer permanecer na União Europeia, como pôde constatar a enviada especial da RFI ao Reino Unido, Béatrice Leveillé. Ela entrevistou universitários no White Hart, um bar animado onde se reúnem membros de organizações políticas da Universidade de Bristol.

Jovens adoram Jeremy Corbyn

"Os universitários tendem a votar na esquerda. Eles adoram Jeremy Corbyn!", afirma o presidente da Associação dos Estudantes Conservadores, Robert Porter.

De fato, foi para votar no partido de Corbyn, o Trabalhista, que os jovens se inscreveram em massa para participar das eleições de 12 de dezembro. Segundo o movimento estudantil For Our Future's Sake (FFS), 1,4 milhão de eleitores de menos de 25 anos se registraram nas listas eleitorais - um aumento de 55% em relação à 2017. Um "acréscimo inacreditável", que torna os resultados das eleições mais mais imprevisíveis, afirma Amanda Chetwynd-Cowieson, co-fundadora da FFS.

Para a cientista política Rosalind Shorrocks, da Universidade de Manchester, os números mostram uma forte mobilização desta parcela da população: "uma tendência em plena evolução desde 2010", reitera.

Em 2017, quase 54% dos britânicos da faixa etária 18-24 anos foram às urnas, contra 38% em 2015, segundo um estudo Ipsos Mori. Até então, eram os sêniors os que mais votavam no Reino Unido (71% dos mais de 65 anos em 2017), o que foi decisivo para os resultados finais do pleito.

"Desde o referendo de 2016, a idade se tornou a maior clivagem eleitoral no Reino Unido", explica Shorrocks. "A classe social se tornou muito menos determinante", reitera lembrando que as garotas "são muito mais pró-trabalhistas que os rapazes".

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