Topo
Notícias

Esse conteúdo é antigo

Corpo achado na BA é de Bernardo, 1 ano, e pai planejou crime, diz delegado

Bernardo, de 1 ano e 11 meses; o pai confessou ter matado o menino - Reprodução/Redes sociais
Bernardo, de 1 ano e 11 meses; o pai confessou ter matado o menino Imagem: Reprodução/Redes sociais
do UOL

Jéssica Nascimento

Colaboração para o UOL, em Brasília

08/12/2019 12h36Atualizada em 08/12/2019 19h13

A Polícia Civil do Distrito Federal confirmou, por exames de DNA, que o corpo encontrado na última quinta-feira (5) em Palmeiras, na Bahia, é do menino Bernardo, de 1 ano e 11 meses, que estava desaparecido desde o dia 29 de novembro. Segundo a polícia, o crime foi premeditado.

O pai do menino, Paulo Roberto de Caldas Osório, 45, confessou que sequestrou e matou a criança, e depois jogou o corpo em uma rodovia. Ele foi preso na última quarta-feira (4) na região de Alagoinhas (BA) e deve responder por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Osório já havia sido preso em 1992 e ficou dez anos na ala psiquiátrica do Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal (leia mais abaixo). Foi solto após cumprir sua pena.

A reportagem tentou contato com a defesa de Osório, mas ainda não conseguiu.

Bernardo era fruto de um relacionamento de Osório com a advogada Tatiana da Silva, 30. Os dois foram casados por três anos e se separaram assim que a criança nasceu. A mãe de Bernardo disse ao UOL que tinha esperança de encontrar o filho com vida.

Parte de mim queria não acreditar, mas dentro de mim eu já sabia que era ele. Antes da notícia [do corpo encontrado], eu tinha certeza que ele estava vivo. Até estava pensando na festinha dele de dois anos (...). Agora, pelo menos, fico um pouco aliviada de saber que acharam ele, que ele vai descansar, que podemos preparar um velório digno e ter um lugar para chorar e rezar por ele.
Tatiana da Silva, 30, mãe de Bernardo

Exame de DNA em Brasília

Cadeirinha em que a criança estava foi encontrada junto ao corpo em uma zona rural da Bahia - Divulgação/Polícia Civil - Divulgação/Polícia Civil
Cadeirinha em que a criança estava foi encontrada junto ao corpo em uma zona rural da Bahia
Imagem: Divulgação/Polícia Civil

O corpo da criança foi localizado por volta de 15h de quinta-feira (5) na região de Barreiro, no povoado Campos de São João, na zona rural do município baiano de Palmeiras. A vítima vestia uma calça azul listrada e blusa branca de manga longa. A cadeirinha em que a criança estava também foi encontrada no local.

A avó do garoto viajou com os policiais até a região para reconhecer a vítima, mas isto não foi possível porque o corpo estava em avançado estado de decomposição.

Amostras biológicas do corpo foram levadas neste domingo (8) para o Instituto de Pesquisa de DNA Forense, em Brasília, para exames periciais. Os exames foram concluídos em menos de seis horas, inclusive com o laudo já redigido, confirmando a identificação genética.

Com esse laudo, confirmamos que o pai agiu sozinho e a criança foi morta ainda dentro de casa.
Leandro Ritt, delegado chefe da Divisão de Repressão a Sequestros

O corpo deve ser levado a Brasília e entregue à família.

Crime foi planejado, segundo delegado

Na sexta-feira (29), o pai buscou o filho em uma creche, na região da Asa Sul, centro de Brasília. Segundo o delegado, ele colocou no suco de uva do menino quatro comprimidos para dormir.

Não há dúvidas de que ele queria matar. A dose foi letal.
Leandro Ritt, delegado

A política afirma que o pai tinha a intenção de matar a criança e que planejou o crime antecipadamente.

Para nós, o crime foi premeditado. Paulo disse que só iria viajar com a criança e que o dopou para que ele dormisse. Mas quem viaja com os filhos prepara malas, leva roupas, brinquedos. Ele não levou nada. Até esqueceu a televisão da casa e as luzes ligadas.
Leandro Ritt, delegado

Tentativa de dificultar reconhecimento

osório - Reprodução/Redes sociais - Reprodução/Redes sociais
Paulo Roberto de Caldas Osório, 45, confessou que sequestrou e matou o filho
Imagem: Reprodução/Redes sociais

O pai também teria trocado a roupa do filho antes de jogar seu corpo na mata para dificultar o reconhecimento do corpo, segundo Ritt.

"A avó materna disse que as roupas que estavam no corpo não eram do garoto, o que indica que o plano inicial era que de o menino nunca mais fosse encontrado", afirmou.

O Paulo mentiu durante todo esse tempo, dando informações erradas sobre o corpo. O objetivo dele era matar e fazer com que os familiares nem pudessem enterrar a criança. Prova disso é que o corpo estava em um local completamente diferente do que o indicado.
Leandro Ritt, delegado

Preso por 10 anos por matar a mãe

Em 1992, Osório foi preso por matar a própria mãe. Aos policiais, ele disse que a mãe chegou em casa após uma caminhada no parque e que ele a confundiu com um ladrão, e a golpeou com uma faca. Depois, enforcou-a com uma corda e ateou fogo ao corpo.

O delegado disse acreditar que Osório seja psicopata. Segundo o policial, durante horas de depoimento sobre a morte do filho, o homem não apresentou sinais de arrependimento. "Ele é extremamente frio."

Pai era tranquilo e presente, diz mãe de Bernardo

Ele [Osório] sempre foi tranquilo e presente na vida do meu filho. Era louco com o Bernardo. Meu filho também ama muito o pai. Como nunca tive problema, o Paulo pegava meu filho quando queria na creche e depois devolvia. Na quarta-feira passada, por exemplo, ele buscou o menino e devolveu normalmente.
Tatiana da Silva, 30, mãe de Bernardo

Segundo Tatiana, o combinado era que o pai pegaria o filho na creche na sexta-feira (29) e devolveria o menino no mesmo dia. Por volta de 20h, porém, ele enviou uma mensagem dizendo que iria fugir com a criança. Após receber a mensagem, a mulher procurou a delegacia para registrar boletim de ocorrência.

Na noite de domingo (1º), o homem voltou a entrar em contato com Tatiana, dizendo que ela nunca mais iria ver o filho. A mulher disse acreditar que a depressão do ex-marido tenha feito ele cometer o crime.

Confissão do crime

Em um vídeo cedido pela Polícia Civil à reportagem, o suspeito aparece confessando o crime e diz que queria dar "um susto" na mãe da criança.

Ele contou que, para fazer o bebê dormir, dissolveu quatro comprimidos de medicamento controlado —que ele toma por causa de depressão— no suco de Bernardo e deu ao garoto ainda em Brasília. Como ele não dormira, voltaram para casa, onde o filho vomitou e dormiu.

Ele, então, disse ter colocado o menino no carro e dirigido até a Bahia. No trajeto, ao parar para abastecer, Osório disse ter notado que o menino estava "molenguinho".

Coloquei o ouvido no peito dele e não senti o coração.
Paulo Roberto de Caldas Osório, pai de Bernardo

Segundo o pai, o menino teria morrido no meio do caminho. Ele decidiu, então, jogar a cadeirinha com o garoto para fora do carro, na rodovia que liga Formosa (GO) a Luis Eduardo Magalhães (BA).

Notícias