França: greve contra reforma da Previdência pode durar até o Natal
A greve nos transportes continua na França e em Paris, no terceiro dia de mobilização em protesto ao projeto do governo de reforma das aposentadorias. Trens e nove linhas de metrô continuavam bloqueados na capital, neste sábado (7). Uma nova jornada de mobilização está prevista para a próxima terça-feira (10).
A greve também afeta os trajetos dentro da Europa. Apenas um Eurostar a cada dois vai circular entre Paris e Londres e as viagens para a Suíça ou a Itália foram totalmente interrompidas. Já a Direção Geral da Aviação Civil (DGAC) alertou para possíveis atrasos nos voos.
Apesar dos protestos, o governo francês prometeu que apresentará o projeto sem modificações. O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou entretanto que o debate levará em conta "propostas claras", que poderão ser discutidas com os Sindicatos.
A reforma visa reunir em um só sistema universal 42 regimes de aposentadoria diferentes, a partir de 2025. Na próxima quarta-feira (11), o primeiro-ministro Edouard Philippe deve fazer um pronunciamento sobre a questão. Na última quinta-feira (5), as manifestações reuniram cerca de 800.000 pessoas em todo o país, mais do que nos primeiros dias dos movimentos sociais de 1995, 2003 e 2010.
Greve pode afetar transportes no fim do ano
Os três principais sindicatos que representam a SNCF, a companhia de trens francesa, pediram neste sábado um reforço da mobilização, depois uma reunião que aconteceu em Montreuil, perto de Paris.
O secretário-geral da CGT, um dos mais representativos da França, Laurent Brun, disse que o prolongamento da greve até o Natal não está descartado, caso o governo não volte atrás em suas propostas. Uma situação que complicará a vida dos franceses no período de fim de ano.
Paralelamente à paralisação dos transportes, os coletes amarelos também voltaram às ruas de Paris neste sábado e os caminhoneiros bloquearam estradas em cerca de dez regiões francesas, para protestar contra a alta do imposto sobre o combustível usado profissionalmente, anunciado pelo governo francês.
Protestos preocupam comerciantes
A onda de protestos preocupa os comerciantes franceses, que apostam nas vendas de Natal. "Não tem ninguém! As pessoas passam de bicicleta, patinete, carro...mas pessoas que estão passeando e fazendo compras de Natal...isso não tem", disse uma gerente de uma loja de roupas situada perto da Bastilha, em entrevista à RFI. A região, geralmente movimentada, estava deserta neste sábado.
Outro problema é que os vendedores não conseguem chegar ao trabalho. "Hoje sou obrigado a pagar o táxi para todo mundo poder voltar para casa. Financeiramente não é muito interessante. Isso me lembra o Natal do ano passado, com os coletes amarelos, as vendas foram péssimas! As pessoas não vinham mais para Paris. Esse vai ser novamente o caso se as coisas continuarem desse jeito. Quase fechamos no ano passado, talvez é o que vai acabar acontecendo este ano", disse um responsável de uma loja de chás situada no mesmo bairro.
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