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Cooperativas agora financiam imóvel, e casa fica mais barata com juro menor

do UOL

João José Oliveira

do UOL, em São Paulo

06/12/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Nova regra do BC permite às cooperativas oferecer crédito imobiliário
  • Juros nas cooperativas são de 20% a 40% mais baixas em cooperativas que em bancos
  • Esse percentual se refere aos juros em geral; para imóveis, a redução deve ser menor, mas não há estimativas
  • Para pegar crédito em cooperativa é preciso ser um cooperado; qualquer um pode entrar

O Banco Central publicou na semana passada novas regras para permitir que as cooperativas de crédito ofereçam financiamento imobiliário. O objetivo do governo é aumentar as opções do consumidor. Isso pode deixar a compra de seu imóvel mais barata. Os juros médios das cooperativas são de 20% a 40% mais baixos que os de bancos, mas a diminuição não deve ser tão grande no caso dos imóveis, embora ainda haja vantagem.

Cooperativas de crédito são instituições financeiras formadas pela associação de pessoas para prestar serviços financeiros exclusivamente aos seus associados. Há no Brasil 933 cooperativas, que se dividem em quatro grandes grupos: as 892 cooperativas singulares, mais 34 cooperativas centrais, que são maiores, além de cinco confederações e mais dois bancos cooperados. Juntas, essas instituições somam 11,3 milhões de cooperados, sendo 9,8 milhões de pessoas físicas.

Cooperativas já têm consignado e crédito para carros

"O setor já estava preparado para oferecer esse produto. Seja em termos de capital, seja em termos de processos", disse o presidente da Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras), Kedson Macedo.

Segundo ele, as cooperativas já estão habituadas a conceder crédito e, por isso, tem profissionais e sistemas prontos para dar financiamento de mais longo prazo, que é o caso do crédito para aquisição de casas e apartamentos. "Muitos cooperados que já faziam negócios na cooperativa, na hora de realizar o sonho da casa própria, tinham que ir buscar recursos fora", disse Macedo.

Juntas, as cooperativas de crédito possuem ativos que somam R$ 306,5 bilhões, segundo dados do Banco Central. Essas instituições têm operações de crédito de R$ 127,6 bilhões em modalidades diversas, desde o consignado até o financiamento de veículos e antecipação de 13º salário, por exemplo.

Coooperativas estão onde faltam bancos

Embora a fatia das cooperativas no crédito total do país represente apenas 3,8% do total, essa participação vem aumentando - era de 2,5% em 2014.

Além disso, as cooperativas estão presentes em cerca de 190 municípios em que não há agência bancária. "Essa medida tem por trás disso o fato de que as cooperativas de crédito têm atuação nas pequenas e médias cidades, onde poderão ajudar a diminuir o déficit habitacional", disse o presidente da Confebras.

Cooperativas não podiam ter poupança

Para que as cooperativas tenham mais dinheiro para poder emprestar no crédito imobiliário, o Banco Central também autorizou que as cooperativas ofereçam caderneta de poupança aos cooperados, algo que não era permitido.

Os recursos aplicados nessas contas terão garantia semelhante à cobertura oferecida pelo Fundo Garantidor de Crédito, dos bancos, apenas com outro nome, o Fundo Garantidor do Cooperativismo, que banca até R$ 250 mil caso a cooperativa quebre.

Quais são os juros das cooperativas?

Como os bancos, as cooperativas também cobram taxas de juros e tarifas por serviços. Mas na média, esses serviços e produtos custam menos. Isso porque essas instituições não visam o lucro como finalidade maior, mas sim atender aos associados.

Na média, as taxas de juros cobradas nas cooperativas são de 20% a 40% menores que as dos bancos. No crédito imobiliário, essa diferença tende a ser menor, uma vez que as taxas dessa modalidade de financiamento estão entre as mais baixas dos bancos, entre 7,3% e 8,5% em média. Ainda não há estimativa de quanto devem ser os juros das cooperativas para imóveis.

Mesmo assim, há outras vantagens, como as tarifas cobradas pelas cooperativas.

Em média, por exemplo, uma taxa de cadastro no banco custa R$ 548, enquanto na cooperativa esse serviço é de, em média, R$ 45,57. Um saque num banco privado custa, em média, R$ 3,73, enquanto na cooperativa, R$ 2,60. Uma transferência, que no banco custa em média R$ 22,37, nas cooperativas fica em R$ 11,89 em média.

Quem pode ser cooperado?

Qualquer pessoa pode aderir a uma cooperativa, não é preciso ter nenhuma profissão ou atividade específica. Isso tem um custo inicial, o capital a integralizar, que varia de R$ 20, a R$ 50. É como uma taxa para se associar.

Segundo a planejadora financeira e sócia da Par Mais, Annalisa Dal Zotto, na hora de escolher a cooperativa mais interessante a participar, a pessoa deve olhar o ramo de negócios dessa instituição e se tem relação com a própria atividade. As cooperativas de crédito são segmentadas em função do tipo de associados para os quais estão autorizadas a operar.

Por exemplo, cooperativas voltadas ao atendimento de funcionários públicos e empregados de empresas privadas não são a melhor opção para micros e pequenos empresários. É possível entrar mesmo sendo de outro setor, mas pode não ter as mesmas vantagens na hora de fechar um negócio.

Após escolher a cooperativa de sua preferência, analise o estatuto social da instituição e reúna os documentos necessários - RG, CPF, comprovantes de residência e de renda e, se for casado, certidão de casamento. Depois, é só depositar sua cota-parte.

Os juros das cooperativas são sempre mais baixos?

Na hora de tomar o crédito, o interessado deve comparar as taxas com as oferecidas no mercado. "Não é porque é cooperativa que a taxa dela será obrigatoriamente menor. Na maior parte das vezes até é, mas o cliente deve buscar comparações", disse a planejadora financeira.

Ela disse que também é importante checar o contrato para certificar-se de que as condições são semelhantes às praticadas pelo mercado, por exemplo, com relação a multas por atraso e condições de garantias da operação.

"No geral, as cooperativas têm oferecido condições de crédito interessantes e isso deve se repetir no crédito imobiliário", disse Annalisa.

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