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Doleiro preso pela Lava Jato sumiu com celular antes de ser levado pela PF

O doleiro Najun Turner durante depoimento à CPMI dos Correios, em 2005 - Wilson Dias / Agência Brasil
O doleiro Najun Turner durante depoimento à CPMI dos Correios, em 2005 Imagem: Wilson Dias / Agência Brasil
do UOL

Marcelo Oliveira

Do UOL, em São Paulo

22/11/2019 16h08

Resumo da notícia

  • Um celular e um pendrive do doleiro Najun Turner estão desaparecidos
  • PF e MPF suspeitam que ele tenha sumido com os aparelhos
  • Investigador disse acreditar que o doleiro tenha sido avisado sobre a chegada da PF
  • Turner é envolvido em escândalos desde os anos 90 e já cumpriu pena

Estão desaparecidos um celular e um pendrive usados pelo doleiro Najun Turner, preso na Operação Patrón, da Lava Jato do Rio.

O MPF (Ministério Público Federal) suspeita que o aparelho e o porta-arquivos tenham sido escondidos antes da chegada da Polícia Federal no condomínio em que ele foi preso, no bairro do Itaim Bibi, na zona sul de São Paulo, na última terça-feira (19).

O sumiço do celular e do pendrive pode complicar a situação do doleiro na Justiça.

Investigado desde os anos 90

Turner é um doleiro experiente, envolvido em grandes escândalos desde pelo menos os anos 1990. Seu nome foi citado na Operação Uruguai, fraude criada durante a CPI que culminou no impeachment e renúncia do ex-presidente Fernando Collor e no escândalo dos precatórios.

Em 2005, Turner foi pego pela Operação Anaconda e cumpriu três anos de prisão pelos crimes financeiros cometidos no caso dos precatórios.

Nascido no Uruguai, ele viveu em Israel antes de emigrar para o Brasil nos anos 1970 e iniciar carreira na Bolsa de Valores. Lá havia sido militar e integrado forças de segurança.

No Uruguai, Turner e o doleiro Dario Messer foram sócios. Na Operação Patrón, Messer foi apontado como sócio de empreendimentos criminosos do ex-presidente paraguaio Horácio Cartes, principal alvo da operação.

Chip uruguaio

Segundo o procurador regional da República José Augusto Vagos, integrante da força-tarefa da Lava Jato no Rio, o celular desaparecido tem chip do Uruguai.

O doleiro teria dito às autoridades que foram prendê-lo na manhã da última terça que havia esquecido o aparelho na casa do filho, em Itapecerica da Serra, mas o aparelho não está lá nem em nenhum dos outros dois endereços de Najun, já pesquisados.

Portaria atrasou entrada da PF

Ao UOL, um dos investigadores disse crer que o doleiro possa ter sido avisado no intervalo entre a chegada da PF e a entrada efetiva das autoridades no condomínio.

O porteiro informou às autoridades que, por ordem do síndico do prédio, era obrigado a avisá-lo em situações atípicas como aquela.

A suspeita é que, enquanto a PF não entrava no prédio, Turner tenha sido informado e encontrado uma maneira de desaparecer com o aparelho ou ter dado ordem a alguém para fazer isso.

O celular estava sendo rastreado pelos investigadores que já sabiam, no ato da prisão do doleiro, que a versão de que o aparelho havia sido deixado na casa de seu filho era falsa, uma vez que a última mensagem disparada pelo telefone ocorreu às 22h do dia anterior à prisão e Turner havia deixado a casa do filho ao meio-dia do dia 18.

Sobre o pendrive, sabe-se que ele existia, pois Turner acessou arquivos nele armazenados no dia anterior à busca.

Turner está preso preventivamente e segundo o procurador Vagos pode ficar mais tempo nessa situação. "A postura de ocultar provas dos possíveis crimes poderá reforçar os motivos da prisão preventiva", afirmou o procurador.

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