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Procurador-geral acusa Netanyahu de fraude, quebra de confiança e suborno

21/11/2019 15h23

Jerusalém, 21 nov (EFE).- O procurador-geral de Israel, Avichai Mandelblit, formalizou nesta quinta-feira um processo contra o primeiro-ministro interino Benjamin Netanyahu pelos crimes de fraude, suborno e quebra de confiança em meio a um cenário político atualmente marcado no país pela instabilidade e falta de consenso para a formação de um governo efetivo.

Mandelblit decidiu indiciar o chefe do governo nos chamados casos 1000, 2000 e 4000, informou o Ministério da Justiça em comunicado. Nos três, Netanyahu foi acusado de fraude e quebra de confiança, e no 4000 também por receber suborno, acusação que questiona ainda mais sua legitimidade no cargo que ocupa, embora ele não seja legalmente obrigado a renunciar.

No caso conhecido como 4000, Netanyahu é acusado de ter feito favores entre 2012 e 2017 à operadora de telefonia israelense Bezeq em troca de coberturas jornalísticas favoráveis a ele e sua esposa, Sara, em um popular portal de notícias, o "Walla". Os dois negócios são controlados pelo mesmo empresário, Shaul Elovitch.

No caso 1000, o premiê interino é apontado como suspeito de aceitar cerca de US$ 290 mil em presentes para ele e sua família. Os itens dados por dois milionários em troca de favores eram charutos, jóias, viagens e champanhe.

O caso 2000 é sobre uma suposta tentativa de pacto com Arnon Mozes, editor do jornal pago de maior circulação em Israel, o "Yedioth Ahronoth", para obter uma cobertura mais positiva em troca de prejudicar a distribuição da publicação rival, o gratuito "Israel Hayom".

Como réu, Netanyahu não seria obrigado a deixar o cargo de primeiro-ministro ou deputado. Porém, se for condenado, o Parlamento (Knesset) poderá votar sua cassação se o crime envolver "depravação moral", como é o caso com a acusação de suborno, de acordo com a Lei Básica de Israel, com hierarquia constitucional.

Após a divulgação da acusação, a Procuradoria enviou uma cópia do documento ao presidente do Parlamento, Yuli Edelstein, "a fim de permitir que o primeiro-ministro notifique o Knesset se deseja solicitar imunidade", o que deve ser deliberado por uma comissão especialmente criada, mas que não pode ser formada sem um novo governo efetivo.

O processo contra Netanyahu acontece em meio a um bloqueio político em Israel, que tem um governo interino desde as eleições realizadas em setembro, o que impede o premiê de permanecer no poder, tanto numa eleição repetida como antes do processo aberto no Parlamento.

Netanyahu é o político que por mais tempo ocupa o cargo de primeiro-ministro na história de Israel e tornou-se o primeiro chefe de governo do país a ser acusado judicialmente de corrupção enquanto está no poder. EFE

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