Netanyahu é indiciado por acusações de corrupção em Israel
Por Jeffrey Heller e Dan Williams
JERUSALÉM (Reuters) - O procurador-geral de Israel, Avichai Mandelblit, indiciou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu nesta quinta-feira, devido a acusações de corrupção, aumentando as incertezas sobre quem vai liderar um país mergulhado em um caos político depois de duas eleições inconclusivas neste ano.
O procurador-geral anunciou a decisão, a primeira do tipo contra um premiê israelense no cargo, em um comunicado, e disse que as acusações incluem suborno, violação de confiança e fraude.
Netanyahu, que não é legalmente obrigado a renunciar depois de ser acusado, confirmou ainda nesta terça-feira que não deixará o cargo por conta do indiciamento, que classificou como uma "tentativa de golpe".
Ainda assim, a acusação pode dar mais força aos rivais do primeiro-ministro, que tentam retirá-lo do cargo. Um terceiro pleito deve ser anunciado dentro de algumas semanas.
Netanyahu é suspeito de ter recebido irregularmente o equivalente a 264 mil dólares em presentes de magnatas, o que procuradores disseram incluir charutos e champanhe, e de fazer favores em supostos acordos para obter mais cobertura do jornal israelense de maior circulação, o Yedioth Ahronoth, e do site Walla.
O premiê mais longevo de Israel, no poder continuamente desde 2009, após já ter liderado o país nos anos 1990, pode passar 10 anos na prisão se for condenado por suborno e cumprir uma pena máxima de 3 anos por violação de confiança e fraude.
"Esta é uma tentativa de golpe baseada em invenções e em um processo investigativo contaminado e enviesado", disse Netanyahu em um pronunciamento na TV. "Continuarei comandando o país, de acordo com a letra de lei, com responsabilidade, devoção e preocupação com o futuro de todos", acrescentou ele, que se posicionou em um pódio montado na residência oficial, em frente a quatro bandeiras israelenses.
Seu principal rival nas duas eleições disputadas neste ano, Benny Gantz, de centro-esquerda, respondeu em um tuíte: "Não há qualquer golpe em Israel, apenas uma tentativa (por Netanyahu) de se manter no poder."
O procurador-geral, que foi indicado por Netanyahu, comentou o indiciamento em seu próprio pronunciamento na TV.
"Este é um dia difícil e triste", disse Mandelblit. Ele acrescentou que é seu dever assegurar que ninguém em Israel esteja acima da lei.
Em fevereiro, a polícia havia recomendado que Mandelblit apresentasse acusações criminais contra o líder de direita em decorrência de investigações duradouras apelidadas de casos 1000, 2000 e 4000.
(Reportagem adicional de Nidal al-Mughrabi, em Gaza)
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