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Andar na 'banguela' economiza? 12 'verdades' que nem sempre estão certas

do UOL

Colaboração para o UOL

21/11/2019 04h00

Os automóveis evoluíram ao longo dos anos e, hoje, pouco se parecem com aqueles do começo de sua trajetória.

Ao longo do tempo, conceitos sobre uso e manutenção se perpetuaram, mas nem todos ainda fazem sentido. Muita coisa é verdadeira, claro. Outras, porém, não passam de mitos.

Uma lista de mitos e verdades sobre carros parece não ter fim. Eu listei algumas, mas tenho certeza de que o leitor se lembrará de outras nos comentários. Vamos lá:

Andar na 'banguela' (em ponto morto) economiza combustível: MITO

Já faz uns 20 anos que a injeção eletrônica se popularizou no Brasil. Antes disso, cabia ao carburador a função de "alimentar" o motor. Numa descida, deixar o câmbio em ponto morto fazia com que o motor trabalhasse em marcha lenta. Consequentemente, o consumo era menor, no caso desses carros carburados.

Essa prática não é nada segura e já não faz mais sentido do ponto de vista da economia. Acontece que, nos motores com injeção eletrônica, o combustível para de ser injetado ao descer engrenado numa descida.

O próprio movimento das rodas faz com que o motor continue girando, sem a necessidade de uma gotinha qualquer de combustível.

Calibrar pneus ainda frios: VERDADE

calibrar - Reuters - Reuters
Imagem: Reuters

Calibrar os pneus é algo que deve ser feito constantemente, a cada uma ou duas semanas. O recomendado é que seja logo depois de sair com o carro, quando os pneus ainda estão frios.

É muito simples entender isso. A pressão do ar muda quando ele está quente. Portanto, o número indicado no calibrador não irá informar a pressão exata do pneu.

Em carros flex, precisa alternar o combustível aos poucos: MITO

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Imagem: Rivaldo Gomes/Folhapress

Quem me acompanha sabe que não sou fã dos carros flex. A tecnologia pode evoluir ao máximo que eles nunca serão tão eficientes quanto seus similares monocombustíveis. Mas isso é assunto para outra coluna - já que o flex se tornou tendência irreversível.

O ponto é que, se a ideia é poder usar qualquer um dos combustíveis em qualquer proporção, não faz sentido acreditar que é preciso alternar os combustíveis aos poucos para não estragar o motor.

Já que o carro é flex e aceita álcool ou gasolina, que fique a critério do motorista decidir qual combustível usará, na proporção e no momento que quiser.

Minha dica é a seguinte: se seu carro ainda tem o tanquinho de partida a frio, abasteça sempre com gasolina aditivada (que dura mais) e nunca o deixe vazio, para não ressecar as mangueiras.

Faz mal para o motor andar com o tanque na reserva: MITO

tanque - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

O pensamento aqui é de que, ao andar com o tanque na reserva, a sujeira do combustível será aspirada e injetada no motor. Além disso, a bomba de combustível pode superaquecer por não estar submersa no combustível.

Quanto à questão da sujeira, isso não faz sentido, pois a aspiração é feita no fundo do tanque. Sendo assim, a sujeira sempre seria aspirada, estando o tanque cheio ou na reserva.

Em relação ao superaquecimento, é a passagem interna do combustível pela bomba que resfria essa peça, e não o fato de ela estar submersa.

Uso periódico do ar-condicionado evita problemas no sistema: VERDADE

ar-condicionado - Marcelo Justo/Folhapress - Marcelo Justo/Folhapress
Imagem: Marcelo Justo/Folhapress

O sistema de ar-condicionado não exige muita manutenção, a não ser eventuais limpezas. O próprio gás, na teoria, não acaba e, portanto, não exige recarga. Ou você recarrega o gás da sua geladeira? Mas basta ver o grande número de carros nos quais o ar-condicionado não funciona para constatar que eles não são infalíveis.

A principal causa disso é a falta de uso, pois as mangueiras ressecam e permitem o vazamento do gás. Isso é tão verdadeiro que alguns fabricantes, no Manual do Proprietário, recomendam o uso do ar-condicionado nem que seja durante 15 minutos por semana.

É preciso aquecer o motor antes de sair com o carro: MITO

carro ligado - Renato Stockler/Folhapress - Renato Stockler/Folhapress
Imagem: Renato Stockler/Folhapress

Essa é velha! Os motores antigos, principalmente os abastecidos com álcool, tinham funcionamento irregular e maiores folgas entre as peças antes de entrarem na faixa de temperatura ideal. Era preciso esperar o aquecimento do motor para poder usá-lo de forma plena, sem falhas ou danos.

Mas isso ficou no passado e só se mantém se você ainda é dono de um "antiguinho". Hoje em dia, o carro está sempre disposto para o que der e vier. Minha única recomendação é que não abuse das altas rotações quando ainda estiver frio.

Manter o pé no pedal de embreagem: VERDADE

embreagem - Almeida Rocha/Folha Imagem - Almeida Rocha/Folha Imagem
Imagem: Almeida Rocha/Folha Imagem

Muitos motoristas têm o hábito de dirigir com o pé na embreagem, seja por preguiça de deixá-lo no descanso do lado esquerdo ou para agilizar as trocas de marcha.

Uma coisa é certa: a embreagem terá um desgaste prematuro. Isso é tão verdadeiro que já avaliei muitos carros com baixa quilometragem nos quais o pedal estava "pesado".

Por outro lado, também já vi muitos veículos com quilometragens altas e pedal "leve", apesar de ser o mesmo que saiu de fábrica com o carro.

Manter a mão na alavanca de câmbio: VERDADE

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Outro hábito de motoristas preguiçosos que danifica as peças do câmbio de forma prematura. O certo é manter as duas mãos no volante, mas sabemos que nem sempre é assim na prática.

Se você é daqueles que guiam a maior parte do tempo com apenas uma mão ao volante, pelo menos não deixe a direita sobre a alavanca do câmbio.

Atravessar lombadas ou valetas na diagonal danifica a carroceria: MITO

Essa é antiga, geralmente passada de geração para geração. Não sei se fazia algum sentido no passado, quando a rigidez dos carros era bem menor. Hoje, contudo, isso não faz sentido algum.

Não é uma simples valeta ou lombada que vai danificar uma estrutura tão parruda quanto a da carroceria de um carro.

Trocar discos de freio sempre que for trocar as pastilhas: MITO

freio - Thais Roland/UOL - Thais Roland/UOL
Imagem: Thais Roland/UOL

Uma coisa não tem nada a ver com a outra. As pastilhas gastam mais do que os discos e, por isso, são trocadas com mais frequência. Portanto, não caia na história de quem fala que precisa trocar os discos sempre que for trocar as pastilhas de freio.

Se os discos estiverem acima do limite mínimo para uso, uma simples retífica permitirá que eles rodem por mais alguns milhares de quilômetros.

Trocar o filtro de óleo a cada duas trocas de óleo: VERDADE

Troca de óleo realizada em concessionária - Marcelo Justo/Folhapress - Marcelo Justo/Folhapress
Imagem: Marcelo Justo/Folhapress

Alguns fabricantes preveem no próprio manual a quantidade de trocas de óleo com filtro e sem filtro. Mas, no meu ponto de vista (e no de muitos mecânicos), não faz sentido trocar o óleo e deixar que um filtro com óleo antigo misture o novo com o velho.

Além do mais, o custo do filtro é baixo. Portanto não há razão para não fazer a troca em conjunto.

Não se deve andar com vidros abertos em carros blindados: VERDADE

blindado - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Imagem: Murilo Góes/UOL

O vidro blindado é um conjunto de camadas de vários materiais. Com o tempo, essas camadas se descolam e formam o que chamamos de delaminação. Um dos fatores que causam isso são as variações de temperaturas que o carro sofre ao longo dos anos. Vibração e torção da carroceria quando o carro está em movimento também podem contribuir para o problema.

Ao deixar o vidro aberto nessa situação, a chance de danificá-lo num curto prazo é grande. Portanto, além do motivo óbvio da segurança que um comprador de carro blindado busca, não é aconselhável dirigir com os vidros abertos.

Consumo do álcool é 70% em relação à gasolina em carros flex: MITO

etanol - PA Media - PA Media
Imagem: PA Media

Esse número mágico caiu na boca do povo de maneira totalmente equivocada. Assim como cada pessoa lida de forma diferente com certos alimentos, cada motor tem um rendimento diferente com cada tipo de combustível, e esse número varia muito de carro para carro.

Por exemplo: seu veículo pode consumir 50% mais de álcool em relação à gasolina, enquanto o do seu vizinho gasta apenas 15% a mais.
Não podemos usar essa média de 70% para todos os automóveis. E é por isso que recomendo que você faça o teste no seu veículo.

Encha o tanque com gasolina, meça o consumo e depois faça o mesmo com álcool. Compare os números, descubra a relação do seu carro e aplique-a na hora de comparar com os preços e tomar a decisão certa de qual combustível será mais amigo do seu bolso.

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