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Dezenas de pessoas continuam entrincheiradas em campus de Hong Kong

20/11/2019 10h24

Hong Kong, 20 Nov 2019 (AFP) - Dezenas de manifestantes pró-democracia permanecem entrincheirados em uma universidade de Hong Kong, nesta quarta-feira (20), pelo quarto dia consecutivo, no confronto mais longo e violento desde que os protestos começaram na ex-colônia britânica.

O palco do confronto é a Universidade Politécnica de Hong Kong (PolyU), na península de Kowloon, onde os manifestantes recorrem a coquetéis Molotov e a tijolos para repelir as tentativas de evacuá-los.

A polícia alertou que usará balas reais, se for atacada com armas letais, depois que um agente foi ferido com uma flecha.

Nesta quarta-feira, cerca de 50 pessoas seguiam na PolyU, em péssimas condições.

Grupos de jovens manifestantes vestidos de preto continuavam preparando coquetéis Molotov, enquanto outros dormiam em esteiras de ioga em um ginásio.

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos pediu às autoridades que encontrassem uma "solução pacífica" para a situação.

Já o Senado americano adotou por unanimidade um texto para apoiar os direitos humanos e a democracia em Pequim, o que poderia comprometer o status econômico especial que Washington tem com o território autônomo chinês.

Os senadores também aprovaram uma medida que proibiria a venda à polícia de Hong Kong de gás lacrimogêneo, balas de borracha e outros equipamentos para reprimir as manifestações.

Pequim reagiu com ameaças de represália e convocou um diplomata do alto escalão americano.

Na terça-feira, a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, pediu aos manifestantes da PolyU que se entregassem e disse que os menores de idade que saírem pacificamente não serão detidos.

Os adultos estarão sujeitos a acusações de "participação em motim", uma infração punível com dez anos de prisão.

"Não vou me render. Vou lutar até o fim", disse um jovem de 15 anos armado com um arco. "Mas é muito perigoso, porque se usarmos o arco, a polícia poderá atirar, talvez com balas de verdade", admitiu.

Outros manifestantes foram retirados em macas durante a noite. Esta madrugada, um grupo de manifestantes que tentava escapar foi preso pela polícia, observaram jornalistas da AFP no local.

"A polícia convida todos os que estão no campus a saírem pacificamente e promete que seu tratamento judicial será justo", afirmou a polícia em comunicado.

- Escolas abertas -As escolas de Ensino Fundamental e Médio abriram nesta quarta-feira (20), depois de terem permanecido fechadas por uma semana. As pré-escolas seguem fechadas.

Para tentar reduzir a pressão policial no campus, os manifestantes realizaram ações para bloquear o metrô, crucial para a circulação neste centro financeiro internacional.

Os manifestantes bloquearam as portas dos vagões e causaram atrasos significativos.

Nas redes sociais, houve chamados para incentivar os funcionários a se manifestarem durante o horário de almoço, como muitos fizeram na semana passada no distrito financeiro Central, na ilha de Hong Kong.

Os habitantes de Hong Kong são convocados às urnas no domingo para eleger seus conselheiros distritais.

No entanto, o primeiro secretário da administração, Matthew Cheung, considerado como o número um do governo local, disse que a violência poderia impedir a realização das eleições.

O movimento de protesto começou em junho, após a rejeição de um projeto de lei para autorizar as extradições para a China continental. O texto foi abandonado, mas os manifestantes ampliaram suas reivindicações, exigindo o sufrágio universal para eleger as autoridades de Hong Kong e uma investigação independente sobre a violência policial.

Na semana passada, os protestos entraram em uma nova fase, muito mais violenta, com uma estratégia chamada "Blossom Everywhere" que consiste em multiplicar as ações em vários pontos ao mesmo tempo para testar a capacidade da polícia.

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