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Ata do Fed mostra taxas em suspenso, sem clareza sobre novas mudanças

20/11/2019 16h42

Por Lindsay Dunsmuir e Jason Lange

WASHINGTON (Reuters) - Um Federal Reserve crescentemente dividido que decidiu dar uma pausa em seu ciclo de afrouxamento monetário após cortar a taxa de juros em outubro deu poucas indicações sobre o que pode levar os formuladores de política a mudar de opinião sobre as perspectivas, mostrou a ata da última reunião divulgada nesta quarta-feira.

O texto sobre a última discussão sobre a política monetária dos EUA, em 29-30 de outubro, quando o Fed votou por 8 a 2 para reduzir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, também mostrou que as autoridades discutiram mais a possibilidade de estabelecer um mecanismo permanente de compromissadas após distúrbios recentes nos mercados de moeda de curto prazo.

"A maioria dos participantes avaliou que a posição da política, após uma redução de 25 pontos básicos nesta reunião, seria bem calibrada para sustentar a perspectiva de crescimento moderado, um mercado de trabalho forte e inflação próxima à meta do comitê de 2%", afirmou o Fed na ata.

Após a reunião, o chair do Fed, Jerome Powell, sinalizou que o Fed estava em modo de espera e que isso só mudará se houver uma "uma reavaliação material de nossas perspectivas".

Essa frase, ausente do comunicado da política naquele momento, indicou que o corte da taxa de outubro para um intervalo de 1,50% a 1,75% seria o último no curto prazo.

O Fed cortou os juros três vezes este ano. As reduções foram taxadas de um "ajuste de meio de ciclo" para ajudar a proteger a economia dos EUA dos efeitos da guerra comercial iniciada contra a China e da desaceleração global que prejudicaram indústria, investimentos e exportações.

Na ata houve pouca discussão sobre o que envolveria uma "reavaliação material", fora dois participantes que queriam que o Fed deixasse claro que um novo corte seria improvável no curto prazo a não ser que houvesse uma significativa desaceleração no ritmo de crescimento.

O Fed está prevendo que a economia dos EUA crescerá 2,2% este ano, um pouco acima do seu potencial, que o banco central estima em 2%.

Enquanto o crescimento econômico desacelerou este ano, preocupações de que fraquezas setoriais possam se espalhar para a economia mais ampla não se materializaram, uma vez que ela continua a crescer a um ritmo moderado, com o desemprego próximo a um recorde de baixa de 50 anos e o gasto com consumo, que responde por cerca de 70% da atividade econômica nos EUA, ainda firme.

Essa dissonância deixou o comitê crescentemente dividido. Os presidentes dos Feds de Boston e de Kansas City, Eric Rosengren e Esther George, votaram contra o corte da taxa em outubro e desde a reunião várias autoridade não votantes do Fed disseram ser contrários à decisão de outubro.

"Muitos participantes julgaram que um afrouxamento modesto adicional era apropriado nessa reunião em face de uma fraqueza persistente no crescimento global e incerteza elevada em relação aos desdobramentos comerciais", disse a ata.

Em contraste, "alguns" formuladores de políticas foram contra a redução, avaliando a perspectiva econômica como ainda favorável, a inflação se movendo em direção à meta e "em face das defasagens na transmissão da política monetária, preferiam ter um tempo para avaliar os efeitos econômicos de...ações de política prévias".

Em relação a um instrumento de operações compromissadas permanente, muitas autoridades disseram que ele poderia "servir como um escudo útil" para apoiar a taxa do Fed no caso de um choque, mas também notaram que pode haver pouca necessidade de um uma vez que amplas reservas tenham sido estabelecidas. Nenhuma decisão final foi tomada na reunião.

O Fed tem mais uma reunião para definição sobre juros este ano, em 10-11 de dezembro, mas investidores agora esperam que o banco central mantenha os juros inalterados até pelo menos meados de 2020.

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