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Estudo mostra que hemisférios do cérebro compensam conexões do lado ausente

19/11/2019 21h45

Washington, 19 nov (EFE).- Os cérebros de pacientes que tiveram um dos hemisférios removidos para reduzir as convulsões epilépticas formaram, na metade restante, conexões que permitiram que o corpo funcionasse quase normalmente, de acordo com um estudo publicado nesta terça-feira pela revista "Cell Reports".

Os cientistas estudaram os casos de 12 adultos: seis que tiveram um hemisfério removido durante a infância (hemisferectomia) para prevenir convulsões epilépticas e seis saudáveis. Todos foram escaneados com ressonância magnética para a observação da atividade cerebral durante o repouso.

A hemisferectomia é um procedimento cirúrgico que consiste na extração ou desativação de uma das metades do cérebro.

"As pessoas com hemisferectomia que estudamos tinham um funcionamento notavelmente alto. Têm precisões de linguagem intactas, e quando as colocamos no scanner tivemos uma conversa, assim como ocorreu com as outras centenas de examinados", explicou Dorit Kliemann, do California Institute of Technology.

"Até me esqueci da condição deles quando os vi pela primeira vez. Quando me sento em frente ao computador e olho para as imagens de ressonância magnética que mostram apenas metade de um cérebro, ainda me admiro que elas venham do mesmo ser humano que acabei de ver falando e andando", acrescentou.

Os participantes do experimento foram convidados a fazer uma ressonância magnética, relaxar e tentar não adormecer enquanto os cientistas observavam a atividade cerebral quando o corpo descansava.

Os especialistas concentraram-se nas redes das regiões cerebrais que controlam funções como visão, movimento, emoções e cognição, e compararam informações de duas bases de dados.

No início do estudo, os cientistas esperavam encontrar conexões mais fracas dentro de algumas redes em pessoas que tinham apenas um hemisfério, já que tais redes geralmente incluem ambas as metades do cérebro, mas ficaram surpresos ao encontrar conectividade global normal e, em alguns casos, ainda mais firme do que em outros indivíduos.

Os seis participantes do estudo que foram submetidos a uma hemisferectomia tinham entre 20 e 30 anos durante o estudo, e tinham entre 3 meses e 11 anos de idade quando a intervenção foi realizada.

A vasta gama de idades em que os indivíduos foram submetidos à cirurgia permitiu que os cientistas observassem como o cérebro se reorganiza após essa mutilação.

Kliemann enfatizou que, "embora seja notável que haja indivíduos que podem viver com metade de um cérebro, às vezes um pequeno dano cerebral, como um ataque cardíaco ou uma lesão cerebral traumática em um acidente de bicicleta ou por um tumor é suficiente para ter efeitos devastadores". EFE

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