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Protestos contra aumento da gasolina deixam um policial morto e dezenas de detidos no Irã

17/11/2019 17h33

Teerã, 17 Nov 2019 (AFP) - Um policial morreu neste domingo (17) e dezenas de pessoas foram detidas no Irã durante manifestações contra o aumento do preço da gasolina, medida que recebeu o apoio do guia supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei.

O tenente Iraj Javaheri faleceu neste domingo. Ele foi atingido no sábado por um tiro durante um confronto na cidade de Kermanshah, oeste do país.

O presidente iraniano, Hasan Rohani, afirmou neste domingo que o Estado não deve "permitir a insegurança" diante dos distúrbios.

"Manifestar seu descontentamento é um direito, a manifestação é uma coisa, e o distúrbio é outra", declarou Rohani em um conselho de ministros, segundo comunicado da Presidência.

Desde sexta-feira várias cidades do Irã registram protestos contra o anúncio de um aumento de pelo menos 50% do preço do combustível. Quarenta pessoas foram detidas em Yazd, no centro do país.

Os distúrbios deixaram um civil morto na noite de sexta e vários feridos na cidade de Sirjan, também na região central do país.

"Ontem à noite e na anterior aconteceram problemas em várias cidades do país, alguns perderam a vida e as infraestruturas foram danificadas", declarou o aiatolá Khamenei, sem revelar detalhes sobre o número de vítimas.

"Não sou um especialista e há opiniões diferentes, mas eu disse que se os líderes dos três poderes tomam uma decisão, eu apoiarei", declarou, de acordo com a televisão estatal.

A Casa Branca condenou o uso de "força letal" contra os manifestantes iranianos.

"Os Estados Unidos apoiam o povo iraniano em seus protestos pacíficos contra o regime que deveria liderá-lo", declarou a secretária de imprensa da Casa Branca em um comunicado divulgado neste domingo.

"Nós condenamos a força letal e as severas restrições às comunicações usadas contra os manifestantes", acrescentou.

As autoridades reduziram drasticamente o acesso à internet desde o início das manifestações, informou a agência Isna.

O aumento do preço da gasolina foi decidido na sexta-feira pelo Alto Conselho de Coordenação Econômica, formado pelo presidente do país, o presidente do Parlamento e o diretor da Autoridade Judicial.

Após o discurso do guia supremo, o Parlamento retirou uma moção que defendia um recuo no aumento, de acordo com a agência.

"Algumas pessoas estão contrariadas por esta decisão (...) mas danificar e atear fogo não é algo de uma pessoa normal", completou Khamenei.

Em várias cidades, os motoristas bloquearam estradas e alguns manifestantes atacaram infraestruturas públicas e postos de gasolina.

O preço da gasolina deve aumentar 50% para os primeiros 60 litros comprados a cada mês e 300% para os litros adicionais.

O guia supremo afirmou que há dois dias algumas entidades contrárias ao governo "comemoram" a situação do país.

Ele fez referência à dinastia Pahlevi, expulsa do poder em 1979 pela Revolução Islâmica, e também ao grupo de oposição iraniano Mujahedines do Povo (MEK), que Teerã considera uma organização "terrorista".

"Peço que ninguém ajude estes criminosos", afirmou o aiatolá Khamenei.

O ministério da Inteligência anunciou ter identificado os principais elementos por trás dos distúrbios dos últimos dias, de acordo com a Isna.

Os detidos em Yazd são "perturbadores" acusados de vandalismo que em sua maioria não são da cidade, afirmou o promotor da província homônima, Mohammad Hadadzadeh, citado pela agência.

O Irã enfrenta uma crise econômica agravada pela retirada unilateral dos Estados Unidos em 2018 do acordo sobre o programa nuclear iraniano, que provocou o retorno das sanções contra o país.

A moeda local, o rial, registrou forte desvalorização, a inflação supera 40% e o FMI prevê para este ano uma queda de 9,5% do PIB iraniano.

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