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Zôdio, megaloja de bricolagem, vai fechar as portas

Márcia De Chiara

São Paulo

14/11/2019 07h03

A Zôdio, megaloja de bricolagem localizada na Marginal Tietê, em São Paulo, do grupo francês Adeo, dono da Leroy Merlin, vai fechar as portas no dia 31 de dezembro.

Procurada, a empresa não comenta os motivos do fim da operação. Mas informa que parte dos 70 funcionários poderá ser reaproveitada nas mais de 40 unidades da Leroy Merlin, loja especializada na venda de materiais de construção. Neste momento, a empresa está liquidando os estoques, com descontos significativos, para tentar se livrar do encalhe de mercadorias.

A operação será suspensa dois anos depois de a marca estrear no País, em dezembro de 2017, com a proposta de vender 18 mil itens voltados para casa. A intenção era atender às demandas dos clientes em diversos momentos da vida, ensinado como se fazem muitas coisas, da culinária ao artesanato. Esse modelo dá certo na França e em Portugal. Nesses dois países, o grupo tem há 22 lojas nesse formato.

Na época do lançamento, Gauthier Lenglart, diretor da varejista no Brasil, disse que a expansão no País dependeria do desempenho de vendas da primeira unidade. A expectativa era ter cinco lojas físicas da marca em quatro anos. Mas os planos não se confirmaram.

Analistas de varejo acreditam que a operação fracassou porque o brasileiro não entendeu esse modelo de varejo de "faça você mesmo", que mistura venda de produtos com experiência de compra.

Segundo o consultor Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, o modelo de loja que comercializa produtos para o próprio consumidor executar o serviço não tem tradição no Brasil, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos e Europa. No Brasil, observa, até as camadas de menor renda usam serviços de profissionais quando têm de executar alguma tarefa na casa. Neste caso, normalmente, o serviço é feito por um profissional amigo que dá algum desconto.

Imã

Serrentino acrescenta que esse modelo de negócio é difícil de operar porque a loja não cria um imã para atrair o consumidor. "Essa loja não tem uma categoria de destino", afirma. Além disso, pelo porte da loja que foi construída, ele acredita que o investimento tenha sido significativo. Provavelmente, diz, o resultado deve ter ficado muito abaixo do razoável. Isso deve ter levado os executivos responsáveis pelo negócio optarem pelo encerramento da operação num prazo tão curto.

Quando a loja Zôdio abriu as portas em dezembro de 2017, a companhia não revelou o investimento na operação. O novo formato começou no País junto com a expansão da megaloja da Leroy Merlin, da Marginal Tietê. Com a ampliação, essa loja se tornou a maior unidade do grupo. Nela, foram aplicados R$ 210 milhões em 2017.

A Zôdio passou a ocupar o piso superior do novo prédio da Leroy, de 22 mil metros quadrados. Pela proximidade entre as duas lojas, Serrentino acredita que a intenção era capturar para a Zôdio clientes da Leroy.

Agora com a desativação da Zôdio, os cerca de 5 mil metros quadrados construídos especialmente para a loja provavelmente deverão ser reaproveitados para venda de materiais de construção. "Foi uma atitude corajosa de encerrar a operação no País", diz o consultor. Ele acredita que o grupo francês vai direcionar os esforços para as lojas de materiais de construção. A Leroy, é líder do setor e ganhou mercado, mesmo com a crise. No mês que vem, a Leroy vai abrir a sua 42ª loja no País, no Espírito Santo, com investimentos de R$ 220 milhões.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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