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PT vai polarizar em 2022 e Bolsonaro é "desastre que acontece", diz Lula

Lula na multidão em São Bernardo do Campo - Nelson Almeida/AFP
Lula na multidão em São Bernardo do Campo Imagem: Nelson Almeida/AFP

14/11/2019 18h26

Na primeira reunião da Executiva Nacional do PT desde que deixou a prisão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que o partido vai polarizar nas eleições presidenciais em 2022 e chamou o presidente Jair Bolsonaro de um "desastre que acontece".

"Não tem partido nacional como o PT. É por isso que nós vamos sim polarizar. Se o PT tiver um candidato à altura, o PT vai polarizar. Eles não conseguirão tirar o PT da disputa eleitoral desse país, com Lula ou sem Lula", afirmou o ex-presidente, em evento realizado em Salvador (BA).

Em seu discurso, Lula disse inicialmente não ter nada contra o presidente Jair Bolsonaro, mas fez troça dele. "O Bolsonaro é um desses desastres que acontece de vez em quando, porque eu duvido que ele acreditasse que deveria se eleger", afirmou, sob risos da plateia, ao completar que isso só demonstra que "a gente tem que arriscar".

Em recorrente crítica à imprensa, o petista afirmou —numa referência a Bolsonaro— que eles estão com "dificuldade porque a Rede Globo criou esse monstro e eles não criaram uma rota de fuga para ele". Para ele, o atual presidente está fazendo o "serviço", que em sua opinião é destruir a economia para os pobres no país.

O ex-presidente —que por diversas vezes foi interrompido por aplausos durante o encontro— afirmou que não quer polemizar com o pedetista Ciro Gomes, que foi ministro do seu governo e desde as eleições do ano passado tem feito duras críticas a Lula e ao PT por uma atuação hegemônica no campo da esquerda.

Lula disse que Ciro foi leal a ele no governo, mas avisou ser contra o fato de o PT abrir espaço político para ele concorrer a presidente em 2022. "Não vamos fazer o que o Ciro quer, se encolher para ele crescer. Dispute com a gente!", vaticinou.

O ex-presidente disse que o PT tem de ter em conta que ele não está livre, mas sim "num processo de libertação provisória". Disse que pode até demorar, mas espera que o Supremo Tribunal Federal (STF) anule a condenação do processo do tríplex do Guarujá (SP) que o levou à prisão por 580 dias —a corte deve julgar em breve um recurso da defesa dele sobre a eventual parcialidade do ex-juiz da operação Lava Jato e atual ministro da Justiça, Sergio Moro.

"Pode demorar, não dar certo, mas estou convencido de que haverá justiça no país e que esse processo será anulado", disse.

Sem condições de concorrer —ainda está inelegível— Lula afirmou que o PT poderá concorrer em 2022 com outro nome e citou o ex-ministro e presidenciável da legenda no ano passado, Fernando Haddad, ou o governador da Bahia, Rui Costa.

O ex-presidente defendeu ainda que a legenda lance candidatos nas eleições municipais do próximo ano a fim de defender o legado do PT. O petista disse que o partido —um dos mais afetados com a crise da Lava Jato e após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff— não precisa fazer autocrítica porque a oposição ao partido já critica a legenda.

(Reportagem de Ricardo Brito, em Brasília)

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