Presidente do Congresso dos EUA acusa Trump de "suborno" no caso ucraniano
Washington, 15 Nov 2019 (AFP) - A líder democrata no Congresso dos Estados Unidos, acusou o presidente Donald Trump de "suborno" nesta quinta-feira (14), um crime que pode levar à destituição, após as primeiras audiências públicas para um eventual processo de impeachment do republicano pelo caso ucraniano.
A presidente da Câmara dos Representantes disse que o "depoimento devastador" dado por duas testemunhas na quarta-feira "corroborou as evidências de suborno de Trump" em suas pressões sobre a Ucrânia para ajudá-lo a prejudicar um adversário na reeleição em 2020.
Pelosi acrescentou que o caso Watergate, o escândalo que fez o ex-presidente republicano Richard Nixon renunciar em 1974 quando ficou claro que seria submetido a um processo de impeachment, comparado a esta investigação parece "quase pequeno".
"O devastador testemunho corroborou as evidências do suborno descoberto na investigação, e que o presidente abusou de seu poder e violou seu juramento ameaçando reter ajuda militar e (oferecer) uma reunião na Casa Branca em troca de uma investigação sobre seu rival político", disse Pelosi à imprensa.
Os democratas que controlam a Câmara dos Deputados investigam se há mérito em processar Trump por abuso de poder, ao supostamente suspender ajuda militar à Ucrânia para forçá-la a investigar o envolvimento do pré-candidato democrata Joe Biden em um caso de corrupção relacionado a uma empresa de gás ucraniana, na qual seu filho Hunter integrava o conselho executivo.
"O suborno é conceder ou reter assistência militar em troca de ... uma investigação falsa", disse Pelosi.
Até agora, os democratas não usavam a palavra "suborno" para descrever as supostas irregularidades de Trump, apelando para a frase "quid pro quo", uma expressão latina que significa "algo dado ou recebido por outra coisa" e que frequentemente é usado em casos de extorsão.
Pelosi enfatizou que, embora o suborno seja um dos crimes específicos estabelecidos na Constituição como delito passível de julgamento político, os democratas "nem sequer" ainda decidiram acusar o presidente.
Os republicanos intensificaram a defesa do presidente, a afirmar que as testemunhas de quarta-feira, o embaixador interino americano na Ucrânia, William Taylor, e o alto funcionário do Departamento de Estado George Kent, nunca conversaram com Trump.
"O que eles dizem, que é a base do argumento dos democratas, é baseado em informações de segunda mão", disse o líder republicano na Câmara dos Deputados, Kevin McCarthy. "Não há nada que justifique um impeachment".
Se Trump for finalmente processado, é improvável que ele seja deposto, pois a ação não deve ser aprovada no Senado, que é dominado pelos republicanos.
As audiências públicas serão retomadas na sexta-feira com o comparecimento da ex-embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia Marie Yovanovitch, que afirma que foi destituída do cargo porque o governo Trump acreditava que ela não concordaria com os planos de pressionar a Ucrânia para investigar Biden.
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