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Democratas simplificam mensagem, e acusam Trump de "subornar" a Ucrânia

14/11/2019 19h48

Lucía Leal.

Washington, 14 nov (EFE).- A oposição democrata começou nesta quinta-feira a simplificar o discurso sobre a investigação que pode levar ao impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao acusar o mandatário de "subornar" a Ucrânia, deixando de usar termos complexos.

As audiências públicas transmitidas ao vivo da Câmara dos Representantes convenceram os democratas que transmitir claramente a mensagem do partido à opinião pública é um ponto determinante para o desfecho do processo.

Talvez por isso a presidente da câmara, a democrata Nancy Pelosi, tenha optado por uma palavra grave e com aspectos de corrupção para descrever a acusação a Trump.

DE "QUID PRO QUO" A "SUBORNO".

"Um suborno é conceder ou reter assistência militar em troca de uma declaração pública (por parte da Ucrânia) sobre uma investigação falsa das eleições (americanas). Isto é um suborno", disse a líder democrata em entrevista coletiva.

Na opinião de Pelosi, o "devastador depoimento" televisionado na quarta-feira do embaixador interino dos EUA na Ucrânia, Bill Taylor, "corroborou as provas de um suborno descobertas durante a investigação" que ela mesmo iniciou em setembro.

A líder democrata revelou assim um novo termo que simplifica ao máximo a acusação a Trump: reter a entrega de quase US$ 400 milhões em assistência militar à Ucrânia e condicioná-la a uma investigação ucraniana sobre o ex-vice-presidente americano Joe Biden, possível rival de Trump nas eleições presidenciais de 2020.

Até agora, as testemunhas, os democratas e o próprio Trump tinham descrito a medida como um "quid pro quo", expressão em latim que significa algo recebido como compensação pela entrega de outra coisa.

Segundo informou o site "Politico", os democratas decidiram recentemente usar um vocabulário mais sensível na descrição das acusações contra Trump com o objetivo de alcançar mais facilmente o povo, principalmente agora que a investigação entrou na fase pública e todos podem assisti-la pela televisão.

Para se proceder a um impeachment, caso o pedido seja aprovado pela Câmara dos Representantes - de maioria democrata -, será necessária uma maioria de dois terços no Senado - controlado pelos republicanos -, motivo pelo qual os democratas precisam convencer a opinião pública, de modo que os senadores conservadores apoiem a medida.

Além disso, usar a palavra "suborno" serve para reforçar a base constitucional da acusação, dado que a Constituição estabelece que o presidente pode ser "expulso do cargo em impeachment se for condenado por traição, suborno ou outros crimes e delitos menores".

COMPARAÇÃO COM NIXON.

Pelosi também disse nesta quinta-feira que a audiência de quarta-feira "confirmou que o presidente abusou do poder e violou o juramento do cargo ao ameaçar reter a ajuda militar" à Ucrânia.

A congressista comparou o caso com outro ainda gravado no imaginário americano: o escândalo Watergate, que levou o então presidente Richard Nixon a renunciar em 1974, antes de ser submetido a um impeachment.

"O que o presidente Trump fez, no sentido de atuar para beneficiar uma potência estrangeira para que o ajudasse em sua própria reeleição e obstruir (o acesso do Congresso) a informação faz com que o caso de Nixon pareça quase insignificante", argumentou Pelosi.

Enquanto isso, Donald Trump continuou sua onda de tweets sobre a investigação, nos quais pressionou para que seja desmascarado o "informante" que revelou a negociação com a Ucrânia, e insistiu que a investigação representa "um precedente péssimo" para o país.

O FATOR ELEITORAL.

Apesar de tudo, Nancy Pelosi disse que os democratas ainda não decidiram se votarão a favor do impeachment, nem deu detalhes sobre o calendário da investigação feita pela Câmara dos Representantes. Isso tudo a menos de três meses para o início das primárias democratas.

Alguns senadores republicanos já pressionam o líder do partido no Senado, Mitch McConnell, para que a discussão do impeachment comece em janeiro e dure cerca de cinco ou seis semanas, segundo o jornal "The Washington Post".

Isso dificultaria que os seis senadores que competem pela candidatura democrata, entre eles Elizabeth Warren e Bernie Sanders, façam campanha em estados importantes antes do início do processo de primárias com os caucus de Iowa, em 3 de fevereiro. EFE

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