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Cabelos humanos seriam os culpados pelas mutilações dos pombos

14/11/2019 09h37

Paris, 14 Nov 2019 (AFP) - Quando uma pessoa vê um pombo sem alguns dedos pode imaginar que a ave esteja doente, mas, na realidade, ela é vítima dos nossos cabelos e de outros resíduos jogados na rua - aponta um estudo recente.

Nas grandes cidades do mundo, os pombos são uma legião, e muitos deles são aleijados, amputados de um, ou vários dedos, ou mesmo têm um toco em vez da pata inteira.

Uma teoria generalizada argumenta que esses defeitos se devem a doenças, o que contribui para sua má reputação como animais portadores de enfermidades.

Na realidade, porém, isso é uma lenda urbana, de acordo com um estudo publicado esta semana na revista "Biological Conservation".

Uma equipe de pesquisadores franceses do Museu Nacional de História Natural e da Universidade de Lyon examinou várias centenas de pombos em 46 locais em Paris.

Resultado: o homem é responsável, pelo menos em parte, por essas mutilações. Quanto mais povoado e poluído for o local (poluição do ar, ruído etc.), mais estas aves podem sofrer com deficiências físicas.

Ainda mais surpreendente é o fato de que, segundo este estudo, os pombos sofrem maiores mutilações em áreas onde é grande a atuação de cabeleireiros, que jogam cabelos cortados nas mesmas cestas de lixo onde as aves se alimentam.

O motivo é mecânico: "Quando os pombos andam no chão, os cabelos e os fios ficam emaranhados em seus membros e acabam fazendo um torniquete em seus dedos, causando necrose e queda da extremidade", segundo o Museu, que enfatiza que melhorar a gestão de resíduos pode "limitar o sofrimento imposto à vida selvagem existente nas cidades".

Os pesquisadores também afirmam que os pombos, geralmente considerados aves irritantes e repugnantes, são, na verdade, um indicador de poluição do ambiente urbano.

"A vigilância da poluição urbana nas grandes cidades pode se basear nas penas dos pombos, por exemplo, para avaliar resíduos metálicos contando-se seus dedos", conclui o estudo.

abd/app/zm/cn/tt

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