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Bolsonaro defende Brasil em primeiro lugar na cúpula do Brics

14/11/2019 17h15

Presidente afirma que política externa de seu governo tem olhos no mundo, mas prioriza o Brasil, apesar de defender a cooperação entre países do bloco. Declaração final menciona conflitos, ignorando Bolívia e Venezuela.Durante a cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (14/11) que a política externa de seu governo prioriza o Brasil e busca "estar em sintonia" com as necessidades dos brasileiros.

"A política externa do meu governo tem os olhos postos no mundo, mas em primeiro lugar no Brasil. Para estar em sintonia com as necessidades da nossa sociedade e ajudar a ampliar o bem estar dos nossos cidadãos", afirmou Bolsonaro, na sessão que contou com a presença dos presidentes da Rússia, Vladimir Putin, da China, Xi Jinping, e da África do Sul, Cyril Ramaphosa, além do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

Apesar de defender uma política externa que lembra a adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Bolsonaro disse que a relevância econômica do Brics é "inquestionável" e deve aumentar nas próximas décadas. O presidente falou ainda em ampliar a cooperação entre os países do bloco.

"Há dez anos, em meio a uma das mais graves crises financeiras da história, tornou-se evidente a importância das economias emergentes para a estabilidade e vitalidade da economia mundial", destacou Bolsonaro.

Em seu discurso, o presidente da China valorizou a cooperação existente entre os Brics e criticou o protecionismo e o unilateralismo. "Precisamos fortalecer solidariedade e desenvolvimento em prol do bem dos nossos povos, em prol do bem de nossos mundos. Devemos nos opor ao hegemonismo e à política do poder e adotar uma política construtiva", afirmou Xi.

Putin, que ocupará a presidência do Brics no próximo ano, concordou com os seus homólogos do Brasil e da China e acrescentou que a cooperação tecnológica deve ser levada em conta também na área da energia, sobretudo, nas limpas e renováveis. O presidente russo instou ainda as nações emergentes a assumirem um papel maior nas instituições multilaterais.

"Os países do Brics deveriam assumir um papel de liderança na ONU com mais iniciativas. Deveríamos ser mais ativos na promoção de uma agenda pacífica. Deveríamos unir países com ideias semelhantes para resolver questões globais e regionais", ressaltou Putin em seu discurso.

Durante a sessão, os líderes aprovaram uma declaração conjunta de encerramento da cúpula. O texto frisou a necessidade urgente de fortalecer e reformar órgãos multilaterais como a ONU, incluindo o Conselho Segurança, a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), e instou os Estados a evitarem "medidas unilaterais e protecionistas".

Nesse sentido, o documento reforçou o desejo dos membros do bloco de tornar as organizações internacionais "mais inclusivas, democráticas, representativas", por meio de uma maior participação dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento "na tomada de decisões internacionais".

Os países ainda reiteram na declaração os compromissos firmados no Acordo de Paris, que visa conter o aquecimento global, e pede que os países desenvolvidos cumpram sua parte e ampliem o financiamento de projetos de sustentabilidade. O texto não menciona a Amazônia nem os Estados Unidos, que deixaram o pacto.

A declaração também expressa preocupação com uma nova corrida armamentista e com a situação humanitária no Iêmen. O texto menciona ainda os conflitos na Síria, Sudão, Coreia do Norte, Líbia e entre Israel e palestinos.

"Somos unânimes em nossa determinação de que os conflitos em outras partes do Oriente Médio e do Norte da África não devem ser usados como pretexto para atrasar a resolução do conflito de longa data entre Palestina e Israel", destaca o texto. "Reiteramos que a solução de dois estados permitirá que israelenses e palestinos vivam lado a lado, em paz e segurança."

A declaração, porém, não cita a situação na Venezuela e na Bolívia, os protestos em Hong Kong, que pedem mais autonomia ao governo chinês, e o conflito entre Índia e Paquistão pela região da Caxemira.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o governo brasileiro não tentou incluir no texto menções à Venezuela e à Bolívia, por ter uma posição diferente da dos outros países do bloco.

Enquanto o Brasil reconheceu o líder oposicionista Juan Guaidó como presidente venezuelano, tanto a China quanto a Rússia apoiam o regime de Nicolás Maduro. Em relação à Bolívia, Moscou considera que houve um golpe de Estado contra Evo Morales, o que o Brasil descarta.

Na declaração, os países se comprometem ainda a manter os esforços no combate à corrupção e ao terrorismo, além de destacar a importância de mercados abertos e pleitear uma participação maior de países em desenvolvimento nas cadeias globais de valor.

CN/ap/lusa/ots

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