Topo
Notícias

França inaugura monumento a soldados mortos no exterior

11/11/2019 15h05

Debaixo de chuva nesta segunda-feira (11) cinzenta em Paris, o presidente Emmanuel Macron participou da tradicional cerimônia comemorativa do 101º aniversário do Armistício, data que marca o fim da Primeira Guerra Mundial. O chede de Estado francês também inaugurou o primeiro monumento nacional dedicado aos mortos pela França em operações militares externas desde 1963.

Emmanuel Macron se curvou diante deste primeiro monumento nacional erguido em homenagem aos 549 militares mortos em operações estrangeiras, incluindo Cédric de Pierrepont e Alain Bertoncello, que morreram em maio passado durante a libertação de quatro reféns em Burkina Faso, no oeste da África.

"Aqueles que morrem pela França não morrem em vão", discursou o presidente.

A escultura de seis soldados de bronze, em colunas de três, foi erguida no coração do Parque André-Citroën, às margens do rio Sena. São cinco homens e uma mulher, com a cabeça coberta por um chapéu ou boina. Eles têm o rosto sério e carregam um caixão invisível como um símbolo. Para executar o projeto, o escultor Stephane Vigny se baseou em seis soldados que serviram voluntariamente como modelos. "Eles representam a alma de seus companheiros de armas", disse o artista à RFI.

Os homens em bronze fazem alusão aos soldados mortos em 17 operações fora da França, incluindo 141 militares que perderam a vida no Líbano, 129 no Chade, 85 no Afeganistão e 78 na ex-Iugoslávia, além de Burkina Faso e Mali. Seus nomes estão gravados ao redor do monumento, como o do Brigadeiro-Chefe Ronan Pointot, que morreu há apenas dez dias vítima de um dispositivo explosivo no Mali, onde 23 soldados já perderam a vida.

"Muitos desses homens morreram sob o meu comando e por isso fiz questão de estar presente", disse à RFI o general do Exército André Soubirou, ex-combatente da Legião Estrangeira. "É importante que esses soldados em ação no exterior não sejam esquecidos mas, principalmente, esse monumento é para as suas famílias, que esperavam esse reconhecimento", acrescentou.

A inauguração do monumento foi muito aguardada pela comunidade militar e, especialmente, pelas famílias dos soldados. "É um reconhecimento ver os nomes desses homens que deram suas vidas para manter os franceses seguros", disse Céline Roguet, que perdeu o marido em 2003, em uma missão na Costa do Marfim. Na época, a filha deles tinha apenas um ano de idade.

Uma página aberta

A particularidade deste memorial é que ele se destina a acomodar outros nomes, o que não é o caso dos locais tradicionais de memória aos mortos da guerra. Hoje, cerca de 7.000 soldados franceses estão em operações no exterior.

"A página permanece aberta", disse o general François Lecointre, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. "Nosso país e nossa sociedade foram marcados pela geração de 14-18, pela geração de 39-45 e pela geração da guerra da Argélia", lembrou. "É horrível dizer isso, mas é a verdade. Nossa sociedade se regenera no sofrimento, aquela consciência moral que a torna uma nação", completou.

Um dia de tributos

Uma série de eventos foi organizada para lembrar o Armistício de Compiègne, assinado entre os Aliados e o Império Alemão na cidade de mesmo nome, localizada no norte da França, em 11 de novembro de 1918.

Uma coroa de flores foi depositada em frente à estátua do estadista Georges Clemenceau, na subida da avenida Champs-Elysées. Escoltado pela Guarda Republicana e acompanhado de várias lideranças políticas, Macron colocou flores em frente ao túmulo do Soldado Desconhecido, ao lado da chama que permanece acesa em memória daqueles que morreram em combate. O presidente almoçou no Palácio do Eliseu com porta-bandeiras e representantes de associações de veteranos.  

À noite, Emmanuel Macron recebe no Eliseu chefes de estado e de governo, bem como os líderes de organizações internacionais que participam do segundo Fórum da Paz, em Paris. O presidente ainda tem um encontro com Antonio Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas.

Recentemente, Emmanuel Macron deu declarações controversas sobre a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), ao afirmar que a entidade está em um estado de "morte cerebral" devido à falta de coordenação entre os Estados Unidos e a Europa e ao comportamento unilateral da Turquia, membro da Aliança Atlântica, na Síria.

 

Notícias