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Extrema-direita da Espanha dobra cadeiras no Parlamento em nova eleição inconclusiva

11/11/2019 08h32

Por Belén Carreño e Andrei Khalip e Ingrid Melander

MADRI (Reuters) - O partido de extrema-direita espanhol Vox mais do que dobrou seu número de parlamentares na quarta eleição nacional do país em quatro anos, que resultou em um Parlamento profundamente fragmentado e preparou o cenário para negociações muito difíceis para a montagem de um governo.

Os socialistas, do primeiro-ministro interino, Pedro Sánchez, que apostaram que a repetição de uma eleição parlamentar os fortaleceria, terminaram em primeiro, mas com menos assentos do que na votação anterior de abril e mais distantes de uma maioria, de acordo com os resultados oficiais quase finalizados.

"De uma maneira ou de outra, formaremos um governo progressista e desbloquearemos o impasse político... conclamamos todos os partidos políticos, exceto aqueles que trabalham contra a coexistência e fomentam o ódio", disse Sánchez.

Os números apontam para um impasse legislativo, sem maioria para a esquerda nem para a direita.

O resultado exigirá que os líderes partidários sejam criativos, negociem seriamente desta vez e, no caso de alguns, engulam o orgulho, já que a abstenção alta do domingo mostrou que os eleitores estão cansados de serem convocados às urnas com tanta frequência.

"Agora eles terão que negociar, as pessoas não querem uma terceira eleição", disse Isabel Romero, aposentada de 65 anos que votou nos socialistas, queixando-se de que a abstenção já está elevada.

O desfecho mais provável parece ser um governo socialista de minoria, e a principal questão seria quem podem ser seus aliados e quanto tempo tal governo pode durar.

O conservador Partido Popular (PP) ficou em segundo e o Vox em terceiro, principalmente à custa do Ciudadanos, de centro-direita, que encolheu de 57 para 10 cadeiras – mas vários soluções em potencial para destravar o impasse envolvem o Ciudadanos, assim como partidos regionalistas.

Albert Rivera, líder do Ciudadanos, anunciou sua renúncia nesta segunda-feira devido ao resultado da legenda na votação.

O Vox conquistou 52 assentos, bem mais do que os 24 com que estreou no Parlamento em abril, mas seu ganho em número de votos em toda a Espanha foi menor, aumentando em um terço.

Durante muito tempo, a Espanha pareceu imune a uma onda nacionalista que se desencadeou por outras partes da Europa em eleições recentes, já que muitos ainda se lembram da ditadura militar do general Francisco Franco.

Mas a revolta com a indefinição política e com os tumultos secessionistas na Catalunha parecem ter fortalecido consideravelmente a popularidade do Vox.

(Por Jesus Aguado, Ashifa Kassam, Clara-Laeila Laudette, Joanna Jonczyk-Gwizdala, Emma Pinedo, Joan Faus, Elena Rodriguez, Jessica Jones, Nathan Allen, Belén Carreño)

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