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Bolívia: presidente Evo Morales renuncia ao cargo em meio a acusações de fraude eleitoral

11/11/2019 04h38

A renúncia, neste domingo (10) do presidente boliviano, Evo Morales, pressionado pelos protestos nas ruas, a perda de apoio das Forças Armadas, e a suspeita de fraudes nas eleições, foi comemorada nas ruas do país.

Em um discurso transmitido na TV estatal, Morales, reeleito no dia 20 de outubro ao quarto mandato, acusou os líderes da oposição. "Renuncio a meu cargo de presidente para que Carlos Mesa e Luis Fernando Camacho não continuem perseguindo dirigentes sociais", disse Morales em Cochabamba.

O primeiro presidente indígena da Bolívia defendeu seu legado que, segundo ele, levou progresso econômico e social a um dos países mais pobres da América Latina. "Estamos deixando a Bolívia com muitas conquistas sociais", disse em sua mensagem de renúncia o presidente de 60 anos.

Morales disse que não abandonaria seu país, mas o México se ofereceu para recebê-lo "conforme sua tradição de asilo", escreveu o chanceler Marcelo Ebrard, que falou em "20 personalidades do Executivo e do Legislativo da Bolívia" asiladas na embaixada mexicana na capital boliviana.

O presidente da Câmara de Deputados, Víctor Borda, e o ministro de Mineração, César Navarro, foram alguns dos dirigentes que renunciaram durante o dia depois que suas casas foram atacadas por opositores. A saída de Morales precedeu as primeiras detenções de membros da entidade eleitoral que certificou sua vitória no primeiro turno. Ontem a OEA pediu que a eleição fosse anulada.

"Lição ao mundo"

O candidato opositor e ex-presidente Carlos Mesa disse que os bolivianos "deram uma lição ao mundo. "A praça Murillo de La Paz, onde fica o Palácio Quemado, foi tomada por bolivianos que comemoravam a renúncia de Morales, que governou a Bolívia por quase 14 anos, um recorde nacional de permanência no poder. Bolívia vive agora um vácuo de poder, pela renúncia de todas as autoridades que formavam a linha de sucessão constitucional.

A Constituição boliviana prevê que a sucessão começa com o vice-presidente, depois passa para o titular do Senado e depois para o titular da Câmara dos Deputados, mas todos eles renunciaram com Morales.

Após a renúncia de Morales, a polícia prendeu a presidente do Tribunal Eleitoral da Bolívia (TSE) e outras autoridades eleitorais por ordem do Ministério Público, que investiga as irregularidades nas últimas eleições. O ministério das Relações Exteriores brasileiro expressou em nota sua profunda preocupação com as irregularidades apontadas no relatório da OEA sobre as eleições no país vizinho, "que desqualificam o pleito e levam à necessidade de convocação de um novo processo eleitoral".

Diversos responsáveis da esquerda latino-americana, incluindo a Argentina, Cuba, Nicarágua e Venezuela, assim como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenaram um "golpe de estado".

(Com informações da AFP)

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