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Rússia e Turquia selam acordo histórico para patrulhar a Síria

22/10/2019 18h46

Sochi, Rússia, 22 Out 2019 (AFP) - Rússia e Turquia vão enviar patrulhas conjuntas no nordeste da Síria para garantir a retirada das milícias curdas da região, em um acordo que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, qualificou de "histórico".

Após seis horas de negociações entre o presidente russo, Vladimir Putin, e Erdogan, em Sochi (sul da Rússia), os dois chefes de Estado anunciaram o acordo pouco antes das 19H00 GMT (16h de Brasília), prazo em que terminava uma trégua na ofensiva turca contra os curdos da Síria, lançada em 9 de outubro.

Erdogan informou que o acordo com a Rússia - aliada do governo sírio - abrange os setores nordeste do país, onde se desenvolvia a ofensiva de Ancara contra as Unidades de Proteção Popular (YPG) curdas.

A retirada das forças curdas, que se concluía na noite desta terça, abrangia uma área de 120 km de frente entre as cidades de Tal Abyad e Ras al Ain, alvos principais da ofensiva turca.

Quanto à faixa fronteiriça a leste e oeste deste setor, as YPG devem se retirar dali "dentro das 150 horas a partir de 23 de outubro às 09h00 GMT" (06h de Brasília), acrescentou Erdogan.

A partir dessa hora do meio-dia de quarta-feira, a Polícia militar russa e os guardas fronteiriços sírios "facilitarão a retirada" dos combatentes curdos e suas armas em um raio de 30 km da fronteira, fora da área.

- Histórico e decisivo -Turquia e Rússia vão controlar de fato a maior parte da fronteira turco-síria.

"Estas decisões, na minha opinião, muito importantes, decisivas, vão permitir resolver uma situação muito tensa", declarou Putin em coletiva de imprensa conjunta com Erdogan.

Com o "presidente Putin alcançamos um acordo histórico para a luta contra o terrorismo, a integridade territorial e a unidade política da Síria, assim como para o retorno dos refugiados", disse Erdogan.

Antes da reunião com Putin, Erdogan tinha descartado prolongar a trégua no norte da Síria e ameaçou com uma ofensiva mais intensa contra os curdos se estes não se retirarem nas próximas horas.

Redur Khalil, um dos comandantes das Forças Democráticas Sírias (FDS, dominadas pelas milícias curdas), disse à AFP que foram cumpridas "totalmente as condições do cessar-fogo" e seus combatentes foram retirados da zona de operações militares.

A Turquia considera a milícia curda das YPG "terrorista", mas esta é apoiada pelos países ocidentais na luta contra o grupo jihadistas Estado Islâmico (EI).

A ofensiva foi suspensa na quinta-feira, em virtude da trégua anunciada por Ancara e Washington.

Um funcionário dos Estados Unidos disse que seu país suspenderá as sanções impostas à Turquia depois do prazo estabelecida às forças curdas, com a condição de que Ancara respeite o cessar-fogo. "É um compromisso que cumpriremos", disse.

Putin reiterou nesta terça-feira os "interesses de segurança nacional" da Turquia e insistiu na integridade territorial da Síria.

Em um telefonema ao líder russo, o presidente sírio Bashar al Assad disse, em referência aos curdos, que "os que tinham intenções separatistas eram responsáveis pelos acontecimentos".

Entretanto, também destacou "sua total rejeição a qualquer invasão de terras sírias sob qualquer nome ou pretexto", disse a agência de notícias estatal síria Sana.

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