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Protestos no Líbano deixaram de lado as diferenças religiosas no país

22/10/2019 13h26

Apesar das reformas anunciadas pelo primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, a manifestações contra a classe política foram retomadas nesta terça-feira (22), pelo sexto dia consecutivo. Os protestos têm levado às ruas milhares de pessoas, independentemente das crenças religiosas, algo inédito no Líbano.

Barricadas foram erguidas em várias ruas do centro de Beirute, enquanto nas redes sociais ecoavam as convocações para novos atos em diferentes cidades. Os bancos continuavam fechados, e o país se mantém parcialmente paralisado. O governo anunciou a volta às aulas nas universidades, numa tentativa de tirar os jovens das ruas, mas os protestos não perdem força.

Consciente da amplitude do fenômeno, Saad Hariri tentou acalmar os ânimos dos manifestantes anunciando uma série de reformas. O premiê prometeu "um orçamento para 2020 sem impostos adicionais para a população", além de uma queda de 50% nos salários do presidente e ex-presidentes, dos ministros e deputados, e novos impostos para os bancos.

O chefe do governo garantiu que seu plano não era uma "moeda de troca" para conter os protestos. O governo "não pretende lhes pedir que parem de se manifestar e expressar sua indignação", declarou.

Repetição de erros

No entanto, para Georges Corm, ex-ministro das Finanças do Líbano e professor da Universidade Saint-Joseph de Beirute, os anúncios de Hariri não representam reformas concretas. "Ele vai continuar com os mesmos erros dos diferentes governos que comandaram o país nos últimos 20, 30 anos pelos Hariri, primeiro o pai e depois o filho."

Segundo o professor, autor de vários livros sobre o Líbano, o país está assistindo ao nascimento de um sentimento nacional. "Só vemos bandeiras libanesas nos protestos", comenta. "Essas manifestações são uma expressão do 'saco cheio total' da população, que se uniu em torno de reivindicações comuns, que vão além das diferenças religiosas. Ninguém se posicionou como xiita, sunita, maronita ou ortodoxo. As questões religiosas foram colocadas de lado. É algo formidável e inédito na história do Líbano moderno", avalia. 

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