Le Parisien vê pontos em comum nos protestos que sacodem o planeta
Com uma imagem de capa mostrando uma criança pequena participando com os pais de uma manifestação ocorrida sábado (19) no Líbano, o jornal Le Parisien analisa nesta terça-feira (20) o que há de comum entre os protestos vistos nos últimos dias em diferentes regiões do mundo - Ásia, Oriente Médio, África, Europa e América Latina.
Do Chile ao Líbano, da Catalunha à Argélia, múltiplos focos de contestação se inflamam, revelando um mal-estar global. O diário francês questiona se essa frustração que tomou das ruas de países tão diferentes tem uma raiz em comum.
Segundo o Le Parisien, o medo crescente das famílias diante da erosão do poder aquisitivo, o aumento das desigualdades e a dificuldade de se visualizar um futuro melhor para a próxima geração aparecem como um denominador comum desses protestos. Na Catalunha e no Reino Unido, com o Brexit, o reflexo foi se isolar para evitar o compartilhamento das riquezas conquistadas.
O jornal francês acredita que a insatisfação generalizada é atiçada pela globalização, que recrudesceu a concorrência internacional e facilitou as migrações. O sentimento frequente é que esses fenômenos representam mais perdas do que ganhos. A internet e as redes sociais amplificam a revolta, funcionando como canais de expressão, mas também como máquinas de produção de frustrações, avalia o jornal.
Le Parisien constata que nos últimos dias bastou um pequeno incidente para milhares de pessoas saírem nas ruas. No Líbano, o estopim foi o imposto para utilização do WhatsApp. No Chile, o aumento de 30 pesos na passagem do metrô nos horários de pico. Mas está claro que essas situações foram apenas um pretexto para demonstrar um descontentamento muito mais profundo com o aumento das desigualdades e a falta de perspectivas. "O planeta está em ebulição e às voltas com revoltas sociais agravadas pelos erros cometidos por dirigentes cada vez mais autoritários", escreve o Le Parisien.
O jornal vê um paralelo entre o momento atual e o que atingiu o mundo em 1989, quando a ex-União Soviética começou a ruir e o muro de Berlim caiu, abrindo caminho a uma fase de propsperidade do liberalismo econômico. Hoje, tudo isso está à prova, porque a complexidade dos interesses geopolíticos cria um sentimento de caos crescente.
Em entrevista ao Le Parisien, o sociólogo Didier Billion diz que os protestos atuais são de duas categorias, dependendo do país: por motivos sociais ou políticos. "Mas em ambos os casos está claro que as populações amadureceram e as pessoas querem ver seus direitos respeitados", conclui o especialista.
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