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Farmacêuticas alcançam acordo negociado antes de julgamento por crise de opioides nos EUA

21/10/2019 12h59

Cleveland, Estados Unidos, 21 Out 2019 (AFP) - Três distribuidores farmacêuticos e um laboratório responsabilizados pela epidemia letal de dependência de opioides nos Estados Unidos alcançaram, nesta segunda-feira (21), um acordo com os demandantes, poucas horas antes do início de um grande julgamento contra as empresas - anunciou um juiz federal.

Firmado com dois condados de Ohio que lideravam o processo, o acordo foi concluído em 260 milhões de dólares, mas poderia representar bilhões de dólares para 2.700 comunidades devastadas pelo vício e pelas mortes por overdoses vinculadas a analgésicos de venda com receita nas últimas duas décadas.

O acordo envolve três dos principais distribuidores de remédios dos Estados Unidos, Cardinal Health, Amerisource Bergen e McKesson Corp., assim como o laboratório israelense de medicamentos genéricos Teva.

A rede de farmácias Walgreens vai a julgamento em uma data posterior.

"Quero agradecer a todos os advogados. Este teria sido um julgamento muito, muito interessante para presidir", afirmou o juiz Dan Polster no tribunal.

Embora o acordo inclua apenas dois condados de Ohio (Cuyahoba e Summit), ele pode estabelecer um precedente e abrir caminho para outros estados, cidades, condados e comunidades que também buscam indenizações pela crise de opioides.

Os advogados dos demandantes disseram que o acordo representará um avanço significativo no esforço que está sendo feito para acabar com a epidemia e que os recursos obtidos serão direcionados diretamente para os programas de recuperação de viciados em opioides.

Os advogados também esclareceram que o anúncio não representa um "acordo global" e que o julgamento coletivo, que representa 2.700 comunidades, seguirá adiante.

"Todo especialista que estudou essa questão acredita que nosso país vai lidar com as consequências dessa classe de drogas por muitos anos", disse o procurador-geral de Ohio, Dave Yost, em comunicado divulgado na semana passada.

"O que for recuperado deverá ser direcionado para uma solução do problema, e não desviado para outros fins", apontou.

O valor do que foi acordado com os dois condados de Ohio cobre apenas uma fração dos custos totais derivados da epidemia.

Um estudo divulgado esta semana pela sociedade americana de especialistas em risco, a Society of Actuaries, estimou que a epidemia de dependência de opioides custou à economia dos EUA pelo menos US$ 631 bilhões entre 2015 e 2018.

Somente este ano, o custo pode variar entre 172 e 214 bilhões de dólares, de acordo com o relatório.

Quase um terço do custo para o período 2015-2018 foi gasto em serviços de saúde para viciados e seus filhos, e 40% representam os custos de mortes precoces.

O restante corresponde a programas de atendimento a crianças e famílias, custos associados à justiça criminal e à perda de produtividade.

As comunidades afetadas afirmam estar sob grande pressão financeira e não querem enfrentar longas batalhas judiciais, que podem se estender por anos.

Essa disposição de negociar poderia dar alguma vantagem aos fabricantes e distribuidores de medicamentos.

Antes, a Johnson & Johnson negociou seu próprio acordo, por US$ 20,4 bilhões, com dois condados de Ohio, jurisdições nas quais as cidades de Cleveland e Akron estão localizadas.

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