Hong Kong: novos protestos após a agressão de dois manifestantes
A polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água contra dezenas de milhares de manifestantes que tomaram as ruas de Hong Kong nesse domingo (20), apesar da proibição do governo. Esse é o vigésimo fim de semana consecutivo de protestos na ex-colônia britânica, que vive a pior crise política desde o seu retorno à China, em 1997.
A população denuncia a diminuição das liberdades e a crescente interferência de Pequim nos assuntos de sua região semiautônoma.
Invocado razões de segurança, as autoridades haviam proibido o comício em Tsim Sha Tsui, uma área densamente povoada e conhecida por suas lojas e hotéis de luxo.
A marcha foi pacífica, até que pequenos grupos radicais vestidos de preto jogaram coquetéis molotov em uma delegacia, estações de metrô e bancos chineses.
A polícia respondeu. Um equipamento que projeta um líquido azul para identificar os manifestantes, misturado com uma solução de pimenta que queima a pele, foi posicionado na Nathan Road, uma das ruas de maior movimento de Hong Kong.
Para impedir o avanço das tropas de ordem, manifestantes mais radicais incendiaram barricadas improvisadas.
Desde junho, a ex-colônia britânica passa por uma crise política, com manifestações quase diárias.
Violência crescente
Depois que as autoridades proibiram o uso de máscaras durante os protestos, no início de outubro, Hong Kong sofreu uma onda de violência, com muitos atos de vandalismo contra empresas acusadas de apoiarem o governo pró-Pequim.
Violentos ataques a dois ativistas pró-democracia, nos últimos dias, enfureceram os manifestantes.
Jimmy Sham, uma das figuras mais conhecidas dos grupos pró-democracia, foi hospitalizado após ser violentamente agredido com martelo por desconhecidos.
Sham é o principal porta-voz da Frente Civil de Direitos Humanos (FCHR), uma organização que promove a não-violência e que esteve por trás dos protestos pacíficos dos últimos meses.
Um homem de 19 anos que distribuía panfletos pedindo manifestações também foi gravemente ferido por uma pessoa que o esfaqueou no pescoço e no abdômen.
"Quanto mais reprimem, mais resistimos", disse Yeung, uma manifestante, de 69 anos.
Para o regime chinês, esses protestos são o resultado de uma conspiração ocidental para impor à força a democracia no território autônomo.
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