Condenação de separatistas inflama Catalunha
Separatistas catalães radicais atiraram pedras e fogos de artifício contra a polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo e balas de borracha, transformando o centro da cidade num caos.
A escalada de violência ocorreu no quinto dia consecutivo de protestos na capital catalã depois da condenação a prisão, por um tribunal espanhol, de nove líderes separatistas acusados de sedição por causa de uma proposta de independência fracassada há dois anos.
Cerca de meio milhão de pessoas se reuniram em Barcelona na sexta-feira, no maior protesto desde a decisão judicial de segunda-feira, quando os separatistas também convocaram uma greve-geral no principal destino turístico do país.
A manifestação coincidiu com a greve-geral, provocando o cancelamento de 57 voos, o fechamento de lojas, negócios e várias atrações turísticas, numa região que representa cerca de um quinto da produção econômica espanhola.
A violência que gerou cenas de caos na Catalunha deixou, pelo menos, 182 feridos. Só a cidade de Barcelona teve 152 pessoas feridas – os outros manifestantes feridos são de Girona, Tarragona e Lérida, cidades que também tiveram protestos.
Um total de 83 pessoas foram detidas em toda a região como resultado da violência. Na manhã deste sábado, o cheiro de plástico queimado tomou as ruas do centro de Barcelona, onde os serviços de limpeza tentavam limpar os vestígios dos confrontos deixados no dia anterior, com pedras, vidros e cartuchos de balas de borracha espalhados por pontos turísticos.
Os pró-separatistas partiram a pé de toda a Catalunha na quarta-feira e chegaram a Barcelona ao longo da sexta, muitos com bandeiras nos ombros. Moradores aplaudiam enquanto os manifestantes marchavam gritando "Liberdade para os presos políticos”.
Na segunda-feira, o Tribunal Supremo da Espanha condenou nove líderes separatistas envolvidos na tentativa de independência da Catalunha, promovida em outubro de 2017, a penas que variam entre nove e 13 anos de prisão. Todos os réus foram, porém, absolvidos da acusação mais grave, de rebelião.
O grupo foi condenado por crimes de sedição e desvio de recursos públicos, numa decisão já esperada. Três acusados foram considerados culpados apenas pelo crime de desobediência e não foram sentenciados a prisão.
A pena de detenção mais longa, de 13 anos, foi dada ao ex-vice-chefe do Executivo catalão Oriol Junqueras. Outros três outros membros do governo regional foram condenados a 12 anos de prisão: Raul Romeva, Jordi Turull e Dolors Bassa.
A ex-presidente do parlamento regional Carme Forcadell pegou uma pena de 11,5 anos de prisão, e os conselheiros regionais Joaquim Forn e Josep Rull, penas de 10,5 anos de detenção. Os líderes de associações independentistas Jordi Sánchez e Jordi Cuixart foram condenados a nove anos de prisão.
Os nove condenados, que já estão presos preventivamente, também não poderão exercer qualquer cargo público durante o período da sentença.
Carles Puigdemont, ex-governante regional da Catalunha e um de seus principais líderes, escapou de um julgamento até o momento, já que fugiu para a Bélgica ainda em 2017. Nesta semana, a Espanha renovou o pedido para que ele seja extraditado.
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