Topo
Notícias

Brexit já custou mais de R$ 370 bilhões antes mesmo de acontecer

19/10/2019 18h05

A sessão excepcional do parlamento britânico deste sábado frustrou as expectativas daqueles que s novela do Brexit estava perto do fim. Este processo de divórcio arrastado e doloroso dividiu o Reino Unido e já custa caro antes mesmo de se realizar. Ninguém sabe exatamente o quanto o país poderá perder se deixar a União Europeia (UE). As contas variam de acordo com as convicções ou o segmento econômico dos especialistas a fazerem o cálculo. O fato é que, antes mesmo de sair do papel, o Brexit já custou aos britânicos 70 bilhões de libras, o equivalente a R$ 371 bilhões.

Vivian Oswald, correspondente da RFI em Londres

A sessão excepcional do parlamento britânico deste sábado frustrou as expectativas daqueles que s novela do Brexit estava perto do fim. Este processo de divórcio arrastado e doloroso dividiu o Reino Unido e já custa caro antes mesmo de se realizar. Ninguém sabe exatamente o quanto o país poderá perder se deixar a União Europeia (UE).

As contas variam de acordo com as convicções ou o segmento econômico dos especialistas a fazerem o cálculo. O fato é que, antes mesmo de sair do papel, o Brexit já custou aos britânicos 70 bilhões de libras, o equivalente a R$ 371 bilhões.

Trata-se de 440 milhões de libras por semana, ou R$ 2,34 bilhões, ou ainda 840 libras por família no país, algo em torno de R$ 4,46 mil. Os dados do think tank Centre for European Reform (CER). As estimativas comparam os dados oficiais da economia britânica com modelos que mostram como se comportara se tivesse decidido permanecer na UE.

O centro ainda calcula que o país cresceu 2,9% a menos do que deveria caso tivesse votado pela permanência no bloco e que a maior vítima do plebiscito foi o setor de investimentos. Além disso, afirma que a libra mais fraca não capaz de gerar os ganhos esperados pelos defensores do Brexit sobre as exportações britânicas. O prejuízo destes últimos três anos já seria maior do que os gastos anuais do Reino Unido com a UE, usados como argumento importante pela campanha do Brexit.

Oposição

De olho no embate político, e na evolução do humor dos partidos de oposição e da capacidade de a situação angariar apoio para o novo acordo que o primeiro-ministro Boris Johnson conseguiu firmar com a UE, os mercados não esconderam o nervosismo. Só essa semana, entre fechar ou não um acordo, a bolsa oscilou, e a  moeda nacional também. O mercado imobiliário, um dos mais aquecidos do mundo, opera em compasso de espera. Muitos negócios aguardam os capítulos finais da novela do Brexit.

Os britânicos discutem como (e se) sairão de fato da UE desde junho de 2016, quando votaram pela separação em um plebiscito convocado pelo partido conservador do então primeiro-ministro David Cameron.

Os efeitos do Brexit depois do dia 31 de outubro, o atual prazo para a saída, têm sido estimados por vários segmentos da economia. Montadoras de automóveis e outras companhias anunciaram cortes de pessoal e de investimentos. Muitas empresas afirmaram que deixariam o território britânico. Algumas já o fizeram. 

Neste sábado, o primeiro em que o parlamento britânico se reúne desde a Guerra das Malvinas, em 1982, a população ainda não conseguiu ver a luz no fim do túnel. O acordo firmado com a UE não foi votado como queria Johnson. Os parlamentares se recusaram a dar ao premiê m voto de confiança, ou um "cheque em branco", como chamaram especialistas. Os deputados querem saber os detalhes do entendimento para aprová-lo como legislação e só então dar o sinal verde para o divórcio.

Derrota

Foi mais uma derrota para Johnson, que, desde que assumiu o comando do país, há menos de 90 dias, não obteve uma única vitória na Casa. Para completar, milhares de britânicos ocuparam as ruas de Londres para pedir um novo plebiscito. Querem ter o direito de se pronunciar. Os organizadores estimaram em cerca de um milhão o número de manifestantes. 

O suspense continua e a contagem regressiva também. Há cada vez menos tempo para que o Reino Unido consiga sair da UE no dia 31 de outubro. Tudo indica que o dia das bruxas de Boris Johnson está mais para assombração do que para doces e chocolatinhos.

Notícias