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Veterano do JPMorgan foge de títulos com retorno negativo

Ruth Liew

16/10/2019 13h44

(Bloomberg) -- Muitos investidores se irritam com a ideia de comprar títulos com rendimentos negativos. Poucos são tão avessos a essa opção quanto William Eigen.

O gestor de fundos do JPMorgan Asset Management diz que prefere se aposentar em vez de ter de comprar títulos com retorno abaixo de zero, mesmo quando alguns de seus pares lucram com a negociação em meio a temores crescentes de uma recessão global. Para Eigen, os títulos com rendimento negativo acabarão por levar a perdas "devastadoras". O gestor alocou quase metade de seu fundo em dinheiro, que estará protegido de uma onda vendedora no mercado.

"Todo o conceito de rendimentos negativos, de pessoas pagando pelo privilégio de emprestar dinheiro, é um comportamento insano para mim", disse Eigen, um veterano há 29 anos no setor que administra o JPMorgan Strategic Income Opportunities Fund, com ativos de US$ 12,5 bilhões. "Eu não pago para emprestar dinheiro. Isso não é investimento de renda fixa, é investimento de perda fixa", disse em entrevista de Boston.

Eigen diz que os investidores acabarão enfrentando um colapso em um mercado distorcido por vastas quantidades de dívidas com rendimento negativo, alimentadas por anos de política monetária ultra-flexível da Europa ao Japão. Parte dos US$ 13,4 trilhões em títulos atualmente é negociada com retorno abaixo de zero, depois que bancos centrais europeus e o Japão empurraram os juros para terreno negativo devido à crise financeira, em uma tentativa de acelerar o crescimento.

As medidas, que incluem o amplo programa de compra de títulos do Banco Central Europeu, deveriam ser temporárias, mas a taxa de referência da zona do euro permanece persistentemente abaixo de zero desde 2014. O valor dos títulos com rendimentos negativos subiu 61% este ano, puxado em parte por temores de uma guerra comercial EUA-China prolongada.

Eigen disse que está evitando comprar títulos de dívida, mesmo prevendo uma recessão na Europa e uma desaceleração "bastante forte" nos EUA, o que normalmente seria um bom momento para comprar dívida.

Para contatar o editor responsável por esta notícia: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net

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