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Turquia pode ser responsabilizada por execuções sumárias, adverte ONU

15/10/2019 09h24

Genebra, 15 out (EFE).- O governo da Turquia pode ter cometido graves violações das leis internacionais caso seja provada a responsabilidade em execuções sumárias de soldados cativos e de uma líder política curda no nordeste da Síria, advertiu nesta terça-feira o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Em entrevista coletiva, o porta-voz desse escritório, Rupert Colville, afirmou que as execuções foram gravadas em vídeos - posteriormente divulgados nas redes sociais - e aparentemente cometidas pelo grupo armado Ahrar al-Sharqiya, filiado às forças turcas, em uma estrada entre as cidades de Hasakah e Manbij.

A política executada é Hevrin Khalaf, uma conhecida ativista curda. De acordo com Colville, "as execuções sumárias são graves violações de direitos humanos que podem constituir crimes de guerra".

"Pedimos às autoridades turcas que iniciem imediatamente uma investigação imparcial, transparente e independente sobre estes incidentes", ressaltou o porta-voz, ao destacar que é necessário provar que a Turquia tem um "controle efetivo" sobre o grupo Ahrar al-Sharqiya antes de poder estabelecer uma responsabilidade direta.

O escritório da ONU também denunciou ataques contra pelo menos cinco instalações médicas no nordeste sírio e outras ações que vitimaram civis, como um ataque aéreo das forças turcas contra um comboio de veículos perto de Ras al-Ayn, uma das cidades mais afetadas pelos conflitos e onde morreram pelo menos quatro pessoas, entre elas dois jornalistas.

Colville citou informações das autoridades da Turquia que calculam em pelo menos 18 os civis mortos no lado turco da fronteira com a Síria (entre eles um bebê de nove meses) em consequência de ataques com morteiro e de atiradores de elite curdos.

As Nações Unidas calculam que pelo menos 160 mil pessoas foram deslocadas pela ofensiva turca iniciada na semana passada no nordeste sírio, das quais boa parte (cerca de 70 mil) seriam crianças, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Ainda segundo o Unicef, pelo menos quatro crianças morreram e nove ficaram feridas pelo reinício das hostilidades na região em conflito nos últimos dias. EFE

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