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Pence viajará à Turquia para negociar cessar-fogo

15/10/2019 19h27

Governo americano diz que vice-presidente deve demonstrar que os EUA estão incomodados com ofensiva na Síria. Ancara ignorou imposição de sanções americanas e prosseguiu com operações militares nesta terça-feira.O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, viajará a Ancara nas próximas 24 horas para negociar com o governo da Turquia um cessar-fogo que ponha fim às operações militares turcas contra os curdos no norte da Síria.

"Será nas próximas 24 horas, só posso dizer que será muito em breve", afirmou nesta terça-feira (15/10) um funcionário do alto escalão do governo americano que pediu anonimato.

A fonte não quis detalhar se Pence se reunirá com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e se limitou a dizer que o objetivo da viagem é negociar um cessar-fogo e mostrar ao governo turco que os EUA "estão incomodados" com a ofensiva o norte da Síria.

Segundo o funcionário, o presidente americano, Donald Trump, conversou na segunda-feira por telefone com Erdogan e com o comandante das Forças Democráticas Sírias (FSD), Mazlum Abdi, cuja organização é a principal aliança armada liderada pelos curdo-sírios, para manifestar o objetivo de conseguir um cessar-fogo. "Por cessar-fogo, quero dizer que as forças militares na região devem deixar de atuar, as forças turcas e as FSD", enfatizou a fonte.

No entanto, Erdogan já avisou que é contra qualquer mediação entre seu governo e as forças curdas na Síria que a Turquia considera terroristas. "Que tipo de primeiro-ministro, que tipo de chefe de Estado são aqueles que se oferecem para mediar entre nós e o grupo terrorista?", disse Erdogan no domingo.

Ontem, o governo dos EUA impôs sançõescontra três ministros turcos e anunciou que aumentará as tarifas ao aço da Turquia para 50%, além de ter fechado a porta para um acordo comercial entre os dois países.

Por enquanto, a Turquia vem ignorando as novas sanções dos Estados Unidos e prosseguiu com sua ofensiva no norte da Síria nesta terça-feira. Do lado oposto, o Exército do ditador Bashar al-Assad ocupou em uma das cidades mais disputadas do país, Manbij, com apoio da Rússia, preenchendo o vazio deixado pela retirada de tropas americanas ordenada por Trump na semana passada. Segundo Moscou, os curdos permitiram que as tropas de al-Assad ocupassem a cidade.

A situação na região mudou consideravelmente nas últimas horas: as forças leais ao governo sírio de Bashar al-Assad, respaldadas internacionalmente pela Rússia, ocuparam grande parte da faixa em disputa no norte da Síria, enquanto a coalizão internacional, liderada pelos EUA, está se retirando da região.

Segundo o funcionário, EUA e Rússia chegaram a um acordo para a retirada das forças da coalizão. Alguns veículos de imprensa americanos, como o jornal The Washington Post, informaram sobre a presença de tropas russas no norte da Síria.

O funcionário do Departamento de Estado confirmou essa informação, mas afirmou que a presença russa é pequena, de menos de 100 soldados. "Não é preciso mais do que uns poucos russos e uma grande bandeira russa para chamar a atenção", comentou a fonte.

A ofensiva turca, que começou no último dia 9 de outubro, tem como alvo as milícias curdo-sírias Unidades de Proteção do Povo (YPG), que estão entre os principais integrantes das FSD e eram aliadas dos EUA na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI), embora a Turquia as considere terroristas.

JPS/efe

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