Opinião: O triunfo do populismo social e nacionalista na Polônia
Aumento do salário-família, 13º e 14º salário para os aposentados, liberação de impostos para menores de 26 anos e salário mínimo mais alto para todos os trabalhadores: promessas políticas que foram implementadas consequentemente e apresentadas em embalagem patriótica. Essa era a fórmula de sucesso de Kaczynski para estas eleições legislativas, e o plano vingou.
A vitória dos populistas de direita poloneses seria impensável sem o respaldo da poderosa Igreja Católica. A aliança "trono e altar" se perpetua. O retorno da esquerda anticlerical é uma reação a isso: a experiência em outros países católicos, como, por exemplo, a Espanha, mostra que, no longo prazo, tais alianças podem ter consequências fatais para a Igreja.
O sucesso de Kaczynski é, ao mesmo tempo, um sonoro tapa na cara da oposicionista Plataforma Cívica (PO), que após a derrota em 2015 perdeu a oportunidade de se renovar em termos de pessoal e programa. Sua paga, agora, foi amarga.
A nova vitória do PiS poderá ter também amargas consequências para a democracia e o Estado de direito na Polônia. É de se temer que ela venha a se transmutar numa democracia "iliberal" e Estado semiautoritário. Seus primeiros quatro anos de governo mostraram que Jaroslaw Kaczynski, o verdadeiro detentor de poder no país, almeja deter o controle sobre instituições independentes como os tribunais e a mídia.
O estilo político confrontador, polarizador do populista torna impossíveis consensos com a oposição pertencente à cultura democrática. Daí, a briga cada vez mais encarniçada, com potencial para efeitos perigosos.
O forte mandato eleitoral para o PiS significa que a Polônia permanecerá uma parceira difícil, tanto para a União Europeia, em geral, quanto para a Alemanha, em particular. Caso, como anunciado em seu programa eleitoral, o partido prossiga com sua "reforma" da Justiça e da imprensa, futuros choques com a Comissão Europeia estão garantidos.
No programa também está a exigência de reparações de guerra a Berlim. Aqui, o governo federal alemão deverá tanto mostrar sensibilidade, quanto encontrar uma resposta que vá além do usual "a questão está encerrada".
Certo está que, nos próximos quatro anos, Alemanha e UE terão que se acertar com um governo incômodo e beligerante em Varsóvia.
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Autor: Bartosz Dudek
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